Death Stranding: Director´s Cut – Análise

Há um par de anos, Death Stranding desafiou as fundações que alicerçam os videojogos, em especial no que toca às produções de alto investimento. A entreajuda entre jogadores, sem um único encontro direto, bem como o foco na travessia de terrenos difíceis proporcionou uma refrescante experiência de jogo, ao mesmo tempo que florescia opiniões dissidentes. Embora mecanicamente não tenha reunido consenso entre os jogadores, Death Stranding encapsulou na perfeição aquilo que acontece quando um génio criativo como Hideo Kojima é livre de amarras conceptuais. O seu fascínio por mitologias antigas, teorias científicas e conspirações políticas, aliado ao talento nato para contar histórias, tornou Death Stranding um dos jogos mais fascinantes da geração, marcado por diversas camadas de significado.

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Os possuidores de Playstation 5 vão ter a oportunidade de jogar a versão definitiva, na forma de Death Stranding Director´s Cut. Para além do jogo base usufruir de melhorias ao nível de resolução, performance e contar com funcionalidades do dualsense, foram também adicionados novos conteúdos que adensam um título já em si bastante robusto.
Prontos para uma carreira numa espécie de CTT que opera numa sociedade fragmentada e assolada pelo reino dos mortos?

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Death Stranding adaptado à Playstation 5

Em Death Stranding, o jogador assume o papel de Sam Porter Bridges, o resiliente homem das entregas que tem a hercúlea missão de conectar toda a América do Norte, estabelecendo a Chiral Network, que na prática pode ser descrita como uma internet mais sofisticada. Este é um mundo à beira da extinção, em que a esmagadora maioria das estruturas, como estradas ou pontes, foram destruídas e, por isso, as viagens tornaram-se particularmente duras. O fenómeno que dá nome ao jogo trouxe a dimensão dos mortos até nós e isso desencadeou chuvas que aceleram o envelhecimento e corrosão de forma dramática e a existência de BT´s, entidades sombrias prontas a fazerem-nos a vida negra. Os perigos espreitam-nos de todos os ângulos. Enredo e jogabilidade formam uma relação simbiótica ao apresentarem este temas para o jogador dissecar ao seu ritmo. O que era verdade no jogo base também o é aqui e assim considero mais pertinente abordar as novidades que esta versão nos traz

Death Stranding já era um título lindíssimo e apresenta-se agora ainda mais esplendoroso. São nos dadas duas opções gráficas: uma focada na resolução em 4k nativa, outra favorecendo uma performance mais fluída. Ficamos rendidos ao modo de qualidade. Não só devido à nitidez mais acentuada mas também pela framerate suave, não existindo uma discrepância tão grande que nos faça preferir o modo mais fluído. Os rochedos, os campos pintados de musgo, os rios e riachos, os efeitos meteorológicos e os modelos das personagens brilham ainda mais num monitor que suporte resoluções mais elevadas e a fluidez acrescida torna tudo mais agradável à vista e funcional nos controlos. Os tempos de carregamento ocupam-nos agora meros segundos, uma das maiores dádivas da nova geração.

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De igual modo, o comando dualsense alia-se aos caprichos visuais na construção de uma experiência ainda mais imersiva. A começar pelos gatilhos adaptáveis, de uma forma um tanto curiosa o comando transmite uma sensação plausível do equilíbrio da personagem. Caso estejam abarrotados de mercadoria nas costas(o que irá acontecer muito), é necessário utilizá-los para que não arruínem as encomendas e o seu feedback ficou natural. Até é possível personalizar o grau de resistência.

Já o feedback háptico funciona em sintonia com a coluna embutida e o resultado ficou um deleite sensorial e sonoro. Ao caminharem sobre algumas rochas mais pequenas, o comando reage como pequenos tropeços e o som corresponde ao chocalhar algo subtil da queda das pedras. Ao andarem na neve, o dualsense cria alguma resistência e a coluna embutida complementa essa sensação. É difícil voltar atrás após os detalhes deliciosos que o dualsense proporciona e esperemos que daqui para a frente as funcionalidades do comando continuem a ser exploradas. Uma nota ainda para o suporte de áudio 3D, mais uma vez, são os detalhes sonoros no meio circundante que tornam a adição numa aposta ganha.

Novas ferramentas, novas possibilidades

O jogo base recebeu melhoramentos de qualidade mas também foi adicionado bastante conteúdo extra. Talvez o mais interessante para quem procura conhecer mais deste mundo sejam as novas missões. Revelam-se novidades de peso, ao existir uma maior enfâse na acção e na furtividade. Permitem conhecermos um pouco mais do interior de certas estruturas expandindo a história referente a certas personagens e eventos importantes que o enredo principal abordou. Existe até uma área expandida, apresentando uma nova geografia a ser tida em conta. O sistema de combate (bastante simplista no original) foi aprofundado, havendo mais golpes ao nosso dispor. Novas armas, veículos e ferramentas foram introduzidas e é aqui que as diferenças se fazem notar. Não só porque estamos melhor preparados para enfrentar os inimigos mas principalmente pelo atenuar da dificuldade das travessias.

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Através do Social Strand System, a grande premissa do jogo passa pela entreajuda dos jogadores e seus auxílios na forma de estradas, pontes, cordas, escadotes ou pontos de abastecimento eléctrico. O grande desafio de Death Stranding está no terreno difícil de percorrer, na mercadoria a preservar, nos BT’s a evitar. A equipa da Kojima Productions adicionou novas ferramentas que facilitam estes desafios. Podem construir uma espécie de catapulta que permite enviar mercadoria a longas distâncias, o adorável buddy bot pode carregar-nos ou acartar mercadoria ao nosso lado e até conseguimos planar de modo a descermos declives ou montanhas com maior facilidade. Quantas mais opções de mobilidade, melhor.

Caso tenham um espírito mais competitivo do que cooperativo, podem testar todas as armas do jogo nos campos de tiro, pequenas áreas repletas de inimigos ou alvos. Se gostam de competir pelas tabelas de classificação, este modo é para vocês. Se tiroteios não é a vossa praia, que tal umas corridas? Podem-no fazer também. Há uma quantidade significativa de novo conteúdo disponível, um pouco para todos os gostos. Vou deixar que descubram o restante por vós mesmos.

Considerações Finais

Pouco mais se podia pedir de Death Stranding Director´s Cut. Costuma-se dizer que as coisas boas tendem a saber a pouco e esse sentimento aplica-se às novas missões. É para isso que servem as sequelas certo? De resto, esta versão resulta mais bonita e imersiva, apresentando um universo extraordinário que não largará a memória de quem tenha a abertura de experimentar este título ímpar no âmbito das produções AAA.

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A utilização do dualsense, as melhorias técnicas, as novas armas, ferramentas, músicas e missões são razões suficientes para os fãs regressarem e o pacote como um todo é apelativo  para quem queira agora conhecer a obra singular de Hideo Kojima. O núcleo pela qual a jogabilidade se rege não é para todos e  tornar-se-á enfadonha para alguns jogadores, mas esta versão adiciona alguns elementos mais tradicionais. Este Director´s Cut apresenta-se como a versão definitiva de uma das mais intrépidas obras dos últimos tempos.


+Implementação exemplar das funcionalidades do dualsense
+História, personagens e criação de um ambiente de topo
+Novo conteúdo para vários gostos
+A experiência de jogo continua inovadora

– A experiência de jogo continua a não ser para toda a gente

N.R.: A análise a Death Stranding: Director´s Cut foi realizada numa Playstation 5 com acesso a uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Playstation Portugal

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