Eiyuden Chronicle: Rising – Análise

Com uma campanha na plataforma Kickstarter de tremendo sucesso, todos esperávamos que Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, o sucessor espiritual da saga Suidoken, trouxesse a luz dos RPG’s de excelência de volta a um mundo que alguns julgam para sempre doado à escuridão. Para adoçar a boca daqueles que ainda esperam por 2023, surge como preâmbulo Eiyuden Chronicle: Rising, um RPG de ação com visuais atraentes e uma escrita que não tem medo de ser quase ridícula para sacar umas gargalhadas e com mecânicas de combate que satisfazem, mas podem cansar depressa.

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Assim sendo, damos uma oportunidade a Eiyuden Chronicle: Rising ou esperamos por Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes em 2023?

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História e personagens carimbadas

A protagonista CJ é uma jovem aventureira que quer ser uma caçadora de tesouros famosa, que dá por si numa cidade que atrai aventureiros como ela, por causa dos recursos valiosos que podem ser explorados em seu redor. Durante as suas investidas, acaba por se juntar a um canguru rabugento chamado Garoo e à nova chefe da aldeia Isha, que é também uma exímia mágica. A estória principal serve principalmente para nos fazer mover de um lado para o outro, com tarefas que oscilam entre o mundano e o épico, revelando aos poucos as ameaças misteriosas que pairam no mundo de Eiyuden. Bastante previsível, sim, este não é de todo o melhor aspeto desta obra.

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Muito do charme das personagens vive da interação quase sempre engraçada entre CJ e Garoo, providenciando momentos de pura comédia. A certa altura, o aparecimento de Mallore, uma clara alusão a Sailor Moon, fez-me cuspir um pouco de água. Ainda assim, não são personagens intricadas o suficiente para que sintamos uma verdadeira ligação com eles.

De qualquer das formas, é fácil gostarmos de direção artística de Eiyuden Chronicle: Rising. É atraente, viva e cheia de pequenos pormenores que aconchegam a mais velha alma amante de JPRG’s, apesar de ser na sua base um side-scroller.

Alguém me arranja um carimbo?

Este RPG tem também uma veia de construção civil; para isso temos que realizar um sem número de pequenas tarefas que vão desde trazer novos recursos para remendar telhados ou resgatar gatos perdidos, tudo com a intenção de receber um carimbo na nossa folha e de ajudarmos a reconstruir esta aldeia para alcançar a sua antiga glória. Tavernas, pousadas, lojas com os mais diversos itens, restaurantes, até uma loja de penhores fazem, a pouco e pouco, com que a aldeia de New Neveah cresça.

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Esta questão dos carimbos é bastante importante, porque são eles que vão permitir CJ e companheiros de avançar na aventura, já que encher o cartão de carimbos equivalentes a missões e tarefas realizadas, vão atribuir outros privilégios para que se avance. E no fim de um cartão, outro cartão. Estas sidequests tornam-se simplistas e algo repetitivas e derivam bastante da ação principal para que a narrativa avance. Mas não podemos ter uma sem a outra. Pica cartão, CJ, pica cartão!

Combate sem direito a carimbo

A questão do combate é sem dúvida muito importante em qualquer RPG que se preze. E em Eiyuden Chronicle: Rising não é exceção. Mas é claramente um ponto onde este jogo não brilha. Começando pelos movimentos das personagens: eles são extremamente lentos e a falta de skills variadas faz com que carreguemos nos mesmos botões uma e outra vez para realizarem sempre os mesmos movimentos de ataque. A ação podia ser bem mais fluída, tendo em conta que toda a mecânica de combate assenta em ataques que se completam uns com os outros. Uma personagem ataca e as outras vão encadeando os ataques de forma seguida. Esse encadeamento é bastante satisfatório, mas os movimentos das personagens não ajudam. 

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Há muitos golpes para juntar ao arsenal das nossas personagens através dos melhoramentos que vamos fazendo na cidade, e isso vai trazendo um ligeiro sentido de novidade ao combate.

Carimbo de conforto

Eiyuden Chronicle: Rising é bonito, não é demasiado exigente, apresenta sempre algo para fazer, tem habitantes de uma aldeia que apresentam características engraçadas, nós é que decidimos o nosso próprio ritmo… Este jogo é como uma boa taça de cereais, que nos conforta e não nos recrimina. Quando vivemos num mundo onde todos os jogos se querem destacar pela sua dificuldade e necessidade de treino e empenho constante, aqui o ritmo somos nós que o decidimos. Não é fraturante nem a última bolacha do pacote do mundo dos JPRG’s de ação, mas tenho voltado a ele no fim de um dia de trabalho, em que preciso de relaxar e ter umas sessões curtas de jogo para descansar.

Ah, como adoro cereais.

Considerações finais 

Eiyuden Chronicle: Rising não vem em nada inovar o género, nem será certamente aquilo que os mais desesperados por Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes esperam que seja feito. É justo. Mas com ambientes lindos, um sistema de combate que satisfaz e um sem número de tarefas por realizar que nos vão permitir melhorar a nossa pequena aldeia, este é um jogo que pode não encantar, mas que vai certamente entreter. Porque quando o fator novidade passa, o que fica de um jogo? Para mim, o querer voltar a ele. E esta prequela do que aí vem faz sentir-me assim.

Eiyuden Chronicle: Rising é fofo, engraçado e tem muitas horas de entretenimento garantidas para o mais calmo e tranquilo dos jogadores. Para os outros pode não ser suficiente..


+ Mundo soberbo
+ Escrita bem conseguida
+ Não é demasiado exigente

– Muitas tarefas. Demasiadas.
– Estrutura repetitiva
– Música de elevador

N.R.: A análise a Eiyuden Chronicle: Rising foi realizada numa Playstation 5 com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela 505 Games

Paulo Tavares: Professor de ocupação, jogador por diversão. Guarda religiosamente as cassetes do seu Spectrum 128k. Leva demasiado a sério a discussão de melhor Final Fantasy. 7, fim de conversa.
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