Mortal Kombat 1 – Análise

Tinha treze anos quando, numa festa de aniversário, vi uns miúdos de volta de uma Mega Drive e pensei que ia haver uma sessão de Sonic, algo que eu não tinha problema nenhum. Ao chegar mais perto, notei que estavam duas pessoas aos comandos a verbalizar impropérios efusivamente enquanto a plateia grunhia de espanto consoante os acontecimentos no ecrã. Era 1994 e os teenagers eram assim.

Não era um Sonic, mas sim um jogo de luta em que os gráficos eram “realistas” e para minha surpresa, sangue jorrava por todo o lado enquanto um dos personagens eletrocutava o inimigo e outro gritava “get over here!”. O jogo era Mortal Kombat e eu estava embevecido enquanto o Sub-Zero retirava a cabeça ao Kano em que a sua espinha ainda vinha agarrada.

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Só tinha jogado Street Fighter e outros jogos mais estilizados, mas nada como este “realismo”. Fiquei agarrado e fui fã de Mortal Kombat desde sempre, mas até ao terceiro jogo da série era hardcore, e sabia de cor e salteado todos os movimentos de todos os personagens.

A série passou também por maus momentos com jogos abaixo da excelência esperada pelos fãs e alguns spin off que era decididamente maus.

Penso que a partir de Injustice: Gods Among Us, a NetherRealm voltou à sua melhor forma e Mortal Kombat beneficiou disso.

Flawless victory

Mortal Kombat 1 tem uma linha temporal redefinida enquanto a sua essência permanece intacta com este último lançamento.

Liu Kang, o Fire God reiniciou a linha temporal para criar uma nova era, uma que fosse pacífica desta vez mesmo com mais um torneio Mortal Kombat entre Earthrealm e Outworld, que desta vez é mais uma tradição histórica entre os dois domínios do que um evento fatal para qualquer uma das partes. Nos capítulos iniciais, e ao apresentar alguns personagens, parece que está tudo bem entre todos os intervenientes, mas a história altera-se drasticamente e toda a narrativa muda e convence-nos que está aqui um jogo da série à antiga, com alguns twists, momentos de comédia e muitos combates.

Ajuda que graficamente, este jogo seja simplesmente lindíssimo, com os modelos dos lutadores bem como os cenários, serem dos melhores e mais definidos que já vi num videojogo. As animações encaixam perfeitamente com o género e as cinemáticas do modo história em nada retiram o nosso interesse na mesma, aliás, em conjunto com as boas prestações do elenco, facilmente via uma série de animação de Mortal Kombat com esta qualidade.

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A única nota negativa é a voz de Megan Fox no papel de Nitara, que não se perceber como os diretores não tentaram tirar melhor resultado da atriz neste papel. É francamente mau.

Todos os personagens têm uma origem diferente em Mortal Kombat 1, com diferentes papéis que nos outros jogo da série, mantém a nova aventura cativante e refrescante e responde a algumas questões não respondidas em campanhas anteriores, que adicionam muito ao lore.

São muitos capítulos e nem todos são assim tão interessantes, mas mantêm um bom ritmo a dar-nos o próximo passo importante para nos manter interessados. Ao longo de aproximadamente seis horas, não há só altos, mas não há necessariamente baixos e é capaz de ser a campanha mais refinada que a NetherRealm Studios construiu em anos. Quando terminei este modo, obviamente fui testar os outros modos e mecânicas que o jogo oferece e claro que fica ainda mais interessante.

Outros modos para um jogador

Para além da enorme campanha, temos outros modos disponíveis para quem não quer jogar contra outra pessoa, localmente ou online. Temos as tradicionais torres, mas temos também outro modo para um jogador que é o Invasion. Parece um jogo de tabuleiro, em que vamos passando de posição em posição em diferentes cenários e iniciamos na mansão de Johnny Cage, por exemplo. Fazemos de tudo um pouco neste “jogo da glória” que nos ensina a jogar neste modo e ultrapassar os modificadores que nós ou os inimigos podem apresentar em combate. Temos uma loja dentro desse jogo que podemos comprar itens para nos ajudar nesta campanha e ir ultrapassando os desafios.

Pessoalmente não achei este modo muito divertido, parece-me estagnado e não é apelativo para mim. Dou valor que a NetherRealm dê mais incentivos ao jogador e aumentar as horas de jogo sem ser nos modos mais normais, mas simplesmente não achei interessante.


Kombate mortal com kameos

A nova mecânica de Mortal Kombat 1 é podermos ter um segundo personagem da nossa equipa que nos pode ajudar, kameo de seu nome, mas não pensem que é um tag team como em alguns jogos da nossa praça. A mecânica kameo tem muito potencial pela combinação única de personagens que podemos conjugar, já que cada um dos assistentes tem truques diferentes, que podem mudar o rumo do combate consoante o adversário. Existe uma barra de kameo que temos de ter em atenção, a maioria dos pedidos de ajuda consome metade desta barra, mas alguns consomem toda e temos de esperar encher de novo.

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Para quem conhece minimamente Mortal Kombat, esperem o “mesmo” combate de sempre, cada personagem com mecânicas e truques diferentes, uns com ênfase no combate aéreo, outros mais corpo-a-corpo e outros com magias, mas se já lutaram antes em Outworld, é relativamente fácil de perceber como abordar o jogo.

Claro que para dar vontade de jogar e não levar porrada constantemente, há que estudar e aprender minimamente algumas combos básicas, golpes especiais e as espetaculares fatalities que para além de algumas novas, temos o regresso glorioso de algumas preferidas dos fãs.

Considerações finais

Mortal Kombat 1 evidencia-se como um dos melhores jogos da série e um dos mais refinados. Senti que, com algum esforço, entender o nível de dificuldade do adversário e formar uma estratégia com a mecânica kameo, que me satisfez o suficiente para continuar a aprender com mais personagens.

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O modo Invasion pode não ser para mim, mas vejo interesse para quem queira colecionar tudo, já que há uma opção de personalização dos nossos lutadores para nos destacar dos demais. No modo online lamento a falta de modo espetador enquanto esperamos e a falta de crossplay na esperança de aumentar a pool de opositores e termos jogos mais rápidos, porque esperei um pouco nos jogos que fiz.

Quem é fã de Mortal Kombat, nem pestanejem, é o jogo que vos vai continuar a adorar a série, para quem não é, deem pelo menos uma chance ao modo história porque se podem surpreender.


+ Modo história excelente
+ Jogabilidade pura e mecânica kameo
+ Qualidade gráfica e de quase todas as vozes

– Voz de Nitara está abaixo da média
– Modo Invasion pode não é para todos

N.R.: A análise a Mortal Kombat 1 foi realizada numa PlayStation 5 com acesso a uma cópia do jogo cedida pela Upload Distribution

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