Estava ali pelos meus 11 anos quando me sentei no PC do meu tio, daqueles PCs que agora estariam, certamente, num museu ou em qualquer sótão, e em vez de abrir, como de costume, o Full Tilt! continuei a jogar o que alguém (possivelmente o meu primo?) tinha deixado aberto: Age of Empires II: The Age of Kings. Acho que durante essa tarde não fiz mais nada, fiquei ali, a mexer bonecos sem saber muito bem qual o objetivo.
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Fui aprendendo e percebendo melhor o que era para fazer, mas nunca imaginei que mais de 20 ano depois estaria aqui, a escrever para vocês sobre o novo jogo na série Age of Empires. Age of Empires IV [AoE IV] chega no dia 28 de outubro e tem uma missão simples: destronar AoE II como o melhor dos Age of Empires. Será que consegue?
Ao pegar em Age of Empires IV não temos hipótese, somos levados diretamente para o campo de batalha. Não começamos logo a conquista de terras desconhecidas porque primeiro é necessário perceber o que é que estamos ali a fazer e como é que o podemos fazer, sim é isso mesmo: os primeiros momentos do jogo são um tutorial obrigatório e que, de certa forma, é muito bem-vindo já que leva os veteranos a entrarem no espírito de AoE IV e os que só agora vão tocar pela primeira vez num jogo do género ficam com uma noção básica das mecânicas do jogo.
Age of Empires IV: História e estratégia
Vou começar pelo pedaço de jogo que mais me agradou. Não por ser melhor que os outros, é apenas diferente e foi, em todos os AeE o modo de jogo que mais me deixou agarrado ao rato e teclado. Escrevo-vos do modo campanha em Age of Empires IV está dividido em quatro ramificações diferentes, onde cada uma delas tem a capacidade de transportar o jogador para os eventos que representam de uma forma como nunca um Age of Empires fez.
As campanhas (Conquista Normanda de Inglaterra, a Guerra dos Cem Anos, a Ascensão de Moscovo e o Império Mongol) apresentam-se com uma mistura de momentos de jogabilidade, narrados sempre que necessário para percebermos o que se está a passar naquele mundo que estamos a controlar, e também momentos de vídeo onde nos é explicado de forma simples o que levou àquele momento histórico que estamos prestes a viver.
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Estes momentos em vídeo são uma mistura de imagens dos locais nos dias de hoje, imagens de artefactos históricos e ainda alguns grafismos e elementos de jogo que nos ajudam a entrar dentro da campanha, criam um “mood” para mais uma batalha, para mais uma conquista. Deixo-vos um exemplo, partilhado pela Xbox, onde é mostrado como é que funciona uma das armas do jogo: a catapulta (Trebuchet). É este tipo de explicação que podem esperar encontrar em cada um dos momentos-chave de AoE IV.
Dentro da campanha existem quatro dificuldades diferentes: História, Fácil, Intermédio e Difícil. Tal como o nome indica o modo “História” é mesmo para aqueles que querem ter isso mesmo, um passear pelos momentos históricos representados em Age of Empires IV sem qualquer tipo de preocupação com ataques inimigos, com falta de recursos entre ataques… diria que é AoE IV versão “chill”.
Deixei automáticamente o modo História de lado, mas comecei a primeira das campanhas, a Conquista Normanda de Inglaterra, no modo fácil. No entanto, depressa mudei. No modo fácil os inimigos acabam por não oferecer qualquer tipo de desafio, sim sim atacaram-me de vez em quando, mas nunca conseguiram fazer ferida. Certas vezes ficavam do lado de fora das minhas muralhas, em movimentos estranhos, a andar de um lado para o outro, mas em nunca tentarem entrar… só atacavam se vissem soldados pelo caminho.
Ainda no modo fácil era literalmente fácil perceber o tipo de ataque que íamos receber, a forma como o íamos receber e até de onde é que vinha e com que tipo de soldados. Tudo isto ajuda a preparar as defesas e a fazer com que o ataque não seja um desafio. Reparem que existem tipos de tropa que são mais eficazes contra outros tipos de tropa, por exemplo, um arqueiro vai ser bom para ataques a longa distância, mas na batalha corpo-a-corpo pode acabar por sofrer.
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Ao mudar para o modo “Intermédio” as coisas já ficaram diferentes e foi aqui que deu para perceber que a IA (Inteligência Artificial) dos inimigos em Age of Empires IV está muito bem criada. Os inimigos começaram a atacar com mais frequência e já não se deixavam intimidar por uma simples muralha. E quando não resultava? Quando não resultava apresentavam-se em frentes diferentes, com tipos de tropa diferentes e, por vezes, até mais que um ataque em simultâneo. Aqui sim, estava a ser colado sob pressão e a começar-me a divertir à grande com o que AoE IV tem para oferecer.
Deixo o conselho, mesmo sem pedirem, caso sejam “novatos” no mundo de Age of Empires comecem pelo modo “Fácil”, adaptem-se e mudem para o modo “Intermédio” assim que se sentirem capazes para tal. Caso já conheçam o tipo de jogo que é AoE entrem diretamente no modo intermédio para sentirem tudo o que foi criado para Age of Empires IV. No fim, caso seja demasiado, não há problema, coloquem no modo fácil e desfrutem à vossa maneira.
Age of Empires IV serve para qualquer tipo de jogador, seja qual for o vosso “nível” vão encontrar o vosso tipo de experiência. Para desfrutar de AoE IV só precisam de uma de duas coisas: gostar de estratégia e/ou gostar de História.
Mais Age of Empires
Em Age of Empires IV as animações são uma evolução bem visível quando comparado com os anteriores jogos da saga. Seja dos pequenos “Humanos” que andam a popular o mundo que estamos a controlar, ou mesmo dos terrenos e construções. Sim continuamos a ter cada um dos trabalhadores a martelar o chão enquanto construimos uma universidade, mas agora temos também umas “sombras” douradas a passear pela construção. Ao aproximar a câmara de um edifício a ser construido podemos ver que essas “sombras” são na verdade trabalhadores nas suas diferentes tarefas, quase como se estivéssemos a ver um time lapse da construção de cada um dos edifícios.
Também as animações em batalha estão mais “polidas”, sem grandes efeitos visuais, mas também não é isso que se quer, durante uma batalha estaremos sempre mais concentrados em saber o estado de saúde das nossas tropas que em reparar na forma como cada um dos inimigos cai ao chão.
O terreno em cada um dos mapas está mais detalhado. Desde as florestas com ervas e heras no chão, das hortas com mais detalhe (trigo que parece trigo), ou até mesmo da forma como as ruínas dos edifícios que decidimos destruir ficam lá até que seja construido algo por cima. O detalhe está interessante ao ponto de ter ficado triste quando olhei para uma das zonas do meu império (queria eu) e única coisa que via era o início do pé de cada uma das centenas de árvores que já tinha cortado. Oh Age of Empires IV e plantar árvores não?
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Com uma RTX 3060 e um monitor da gama Philips Momentum que me permite ir até 60fps, coloquei o jogo com tudo no seu modo mais “elevado” e a resolução a apontar para os 4K. Aqui e com a taxa de atualização trancada nos 60, senti algumas quebras de frame durante as cutscenes em motor de jogo, em vez de 55/60fps estava a ter resultados em torno dos 20fps. Algo que me estava a deixar chateado, porque a fluidez em momentos de jogabilidade não estava a ser a mesma que nestes momentos entre batalhas. Tudo mudou quando fiz “downscale” da resolução do jogo para 75%, os tais 55/60fps voltaram e o jogo voltou a ser fluido em todos os seus momentos (obrigado David, boa dica).
Age of Empires IV tem ainda modos PvP e PvE. O primeiro pode ser jogado com até 7 amigos onde cada um vai pegar numa das 8 civilizações presentes no jogo. Já o segundo pode ser jogado sozinho ou em co-op, aqui vão encontrar diversas missões para completar enquanto jogam Age of Empires. Este modo, o Skirmish, pode muito bem ser um dos pontos de interesse para que o jogo continue a ser apelativo, mesmo para quem não gosta de jogar online, daqui a alguns meses. Este modo permitirá sempre atualizações com novas missões, algo muito mais fácil de entregar aos jogadores que novas campanhas.
Considerações Finais
Age of Empires IV devolvou-me o gosto de jogar Age of Empires. Algo que não aconteceu quando peguei em Age of Empires III, algo que também não aconteceu com as “Definitive Edition” de cada um dos primeiros três jogos. Quando os criadores de AoE IV se propuseram a construir um sucessor de AeE II sabiam que a tarefa não ia ser fácil, mas conseguiram isso e muito mais… daqui a uns anos vamos estar a falar de sucessores para Age of Empires IV.
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Caso sejam fãs de jogos de estratégia, caso sejam amantes de história, este jogo é para vocês. Mas não se assustem, caso nunca tenham pegado em nenhum a verdade é que este AoE faz um excelente trabalho para meter qualquer tipo de jogador à vontade para pegar no rato e teclado e começar a conquistar aldeia atrás de aldeia.
Dizer ainda que Age of Empires IV vai estar disponível no Xbox Game Pass, em PC, a partir do seu dia de lançamento.
Já que estamos a chegar ao fim do ano, e os prémios para os melhores de 2021 já andam por aí, digo sem rodeios alguns: Age of Empires IV é o melhor jogo de estratégia dos últimos anos.
N.R.: A análise a Age of Empires IV foi realizada num PC (RTX 3060 12gb + 16Gb RAM + AMD Ryzen 7 3700X) com acesso a uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Xbox Portugal (Microsoft).
