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Análise CLEA

A ligação com o horror é algo intrínseco na natureza humana. Aquilo que nos choca atrai-nos ou repulsa-nos. Mas o fascínio é certo, seja em que lado da barricada que estejamos. O que é certo é que os suores frios, a respiração ofegante e o coração acelerado são cada vez mais procurados por todos os tipos de media e os videojogos não são exceção.

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CLEA traz-nos para um subgénero do horror, que dá ao jogador o objetivo de sobreviver, seja quais forem as investidas que se lhe apresentem. Promete também terror a rodos, mas sem sustos pré-programados, apenas excruciante tensão, doses infinitas de paciência, algum manuseamento de itens e som trabalhado para assustar.

Será que a obra da InvertMouse é assustadoramente deliciosa ou é só um doce de papel bonito, daqueles peganhentos que ninguém pega neste Halloween?

Mansão assustadora… Check

Parabéns a você… O bolo corta-se dentro da mansão senhorial Whitlock quando uma das suas criadas repara que há movimentos assustadores dos denominados Chaos Servants, que prometem ser um terror de encontrar, que irão perseguir o jogador. Clea e Ed, o seu irmão, contra os conselhos da criada, decidem investigar o que se passa, altura em que o jogador começa a controlar as personagens. A génese é bastante simples: fugir, não levantar suspeitas, esconder-se dos serventes do caos, abrir e desbloquear portas que darão acesso a novas áreas da labiríntica casa, permitindo ter acesso a novos itens que podem ser combinados para ajudar a dupla de irmãos a descobrirem que mais experiências loucas têm feito os seus pais…

Paciência é chave, literalmente.

CLEA exige paciência. Muita. Os encontros com os Chaos Servants significam morte instantânea, por isso há que saber quando avançar em bicos de pés, mas também quando esperar. O jogo faz um bom trabalho ao provienciar dicas visuais mas também sonoras sobre o que fazer perante estes servos do mal. A escuridão complica tudo e agudiza a tensão. Pois mais que esperar e desesperar, existe a dificuldade extra de haver pontos de salvamento muito espaçados pelas diferentes áreas de jogo e um passo em falso significa um retrocesso enorme na campanha.

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Existem alguns puzzles que não apresentam grande desafio, pois na sua maioria obrigam Clea e o seu maninho a percorrer mais umas salas em busca da fusão de elementos que permitam abrir mais uma porta e progredir. Tudo muito linear, mas o facto de os maus da fita não apresentarem grandes padrões de movimento torna tudo mais tenso. Cumpre o seu objetivo na perfeição.

Sustos auditivos

O facto de não conter os malfadados jumpscares pode afastar alguns jogadores, embora este tipo de estratégias no género tenham cada vez menos fãs. Mas mais que o medo, que parece ser um conceito exagerado para se aplicar a CLEA, não há dúvidas de que a tensão é criada. E o aspeto responsável por grande parte do sucesso é sem sombra fantasmagórica de dúvidas o som. Os efeitos sonoros têm a facilidade de enganar e ludibriar o jogador e isso é feito com especial eficácia aqui.

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Não é fácil ler as dicas sonoras que nos são dadas, ainda por cima complementadas com uma banda sonora verdadeiramente bem conseguida para o género. O jogador é muitas vezes levado a acreditar pelo que pensa que ouve e curiosamente é o silêncio que o salvará, escondendo-se e movimentando-se o mais lentamente possível. À medida que que um inimigo se aproxima, a música intensifica-se num crescendo arrepiante até ao epílogo de morte anunciada, algo que acontece muito. Muuuito.

Considerações finais

Ao exigir do jogador inteligência e paciência em doses iguais, CLEA podia ser rapidamente considerado como um jogo chato. Com uma estrutura linear e visuais inspirados em espetáculos de marionetas série B, consegue ainda assim por o jogador mais experiente neste tipo de jogos com aquela pinguinha de suor frio no fundo das costas, fruto de uma trama inspirada e assente no aspeto sonoro que o transforma numa experiência divertida de terror, juntando uns fones, fundamentais para intensificar a experiência.

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Não será um jogo capaz de atrair o jogador mais experimentado e corajoso do género, mas apresenta argumentos suficientes para quem procura aquele docinho de Halloween que não causará (muitos) calafrios na barriga.

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CLEA é assustador de uma forma pouco explorada neste mundo, seja pelos seus visuais fofos ou pelo som aterrador. Não se deixem enganar: estamos perante um survival horror muito eficaz, que exige paciência e nervos de aço.

+ Arte medonha mas fofa

+ Som com o papel central da experiência

+ Sem jump scares, mas enervante

– Poucos pontos de save

– Demasiados controlos quando em pânico

– Exige grandes doses de paciência

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N.R.: A análise a CLEA foi realizada numa Nintendo Switch com uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela PR Hound.