Análise Journey of the Broken Circle

A luta eterna para nos sentirmos plenos, com o sentido de desafio superado é básico da vida humana. A constante insatisfação faz de nós boas e más pessoas, dependendo do caminho que percorremos para tentar completar o vazio que isso nos provoca. Journey of the Broken Circle acaba por abordar algumas questões que não são comuns encontrarmos neste mundo dos videojogos, como o existencialismo, a procura incessante em nos sentirmos mais completos, a felicidade, o amor e a amizade.

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Mas será isso suficiente para nos motivar a rebolarmos interminavelmente encostas abaixo? Ou será que o nosso círculo nunca estará completo? Agarrem nos poeirentos manuais de Filosofia, tragam a vossa Switch para a sala de aula e acompanhem-nos nesta estória diferente da Lovable Hat Cult.

Quando o secundário se torna principal

O nosso Círculo quer mais. Anseia por mais. E parte à procura disso mesmo. Seja lá o que for para ele ter mais. Premissa bastante simples de Journey of the Broken Circle. Mas é também aqui que começam e acabam as literalidades. A partir daqui o jogador tem que se preparar para um sem número de metáforas que vão sendo dispostas no jogo, seja através de obstáculos no jogo que não são de fácil ultrapassar ao nosso imperfeito círculo ou através de conversas de si para si e essencialmente nos diálogos com outras personagens. É aqui que os belos ambientes desenhados e a música apropriada passam claramente para segundo plano.

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Há tanto para aprender ou recordar nestas conversas meio desconexas na sua aparência, mas cheias de sumo existencial ao leitor/jogador mais atento. As temáticas da evolução do ser em si mesmo, a relação com os outros, a nossa dependência de contacto, o bom que pode ser estar só… Tanto pode ser retirado desta experiência. Os próprios criadores afirmam que não é começar de uma ideia de narrativa e não de uma mecânica de jogo. O que é dito ganha claramente preponderância sobre o que se vê e ouve. Assumem essa diferença e transformam-na em algo subjetivo. Brilhante.

Diferentes amigos, diferentes mecânicas

O nosso pequeno Círculo vai passando por diversos mundos onde encontra personagens que o vão acompanhando até à sua separação por diferentes maneiras de interpretar a vida. Esses amigos circunstanciais acabam por se fundir com o nosso pequeno ser redondo, colaborando com poderes especiais que lhes permitem avançar, seja a capacidade de se poderem agarrar às paredes ou inflar para que voem como um balão. A colaboração começa num entendimento perfeito e vai-se degradando até que se separam. Mas enquanto dura, os níveis vão sendo ultrapassados, dando até para encontrar alguns dos cogumelos que estão espalhados por todo o lado, e conseguindo o número certo destes fungos deliciosos, desbloqueiam-se níveis extra, dando ao jogo aqui alguma repetibilidade.

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As parcerias com diferentes companheiros de viagem permitem ter alguma variedade no fio condutor do jogo, mas que não lhe retiram alguma monotonia.

Considerações finais

Com o seu humor estranho em diálogos carregados de analogias bem conseguidas e até algumas tiradas saídas dos livros de Filosofia, Journey of the Broken Circle cativa ainda pela sua beleza do que se vê e ouve, mas a primordial experiência a retirar do mesmo será sempre que a viagem do existir é acidentada, por vezes só, outras acompanhada, evoluindo com os outros, mas centrando a orientação no que é mais importante, o crescimento e desenvolvimento pessoal.

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O jogo em si? Rolar, saltar, deslizar não apresenta grande desafio, mas vamos sendo salpicados com pequenos momentos de diálogo entre o nosso pequeno círculo e os seus companheiros de viagem, os que que vai encontrando pelo caminho, valendo bem o sacrifício de rolar por mais de três minutos em cada nível.

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Journey of the Broken Circle, a história, talvez seja demasiado madura para o público mais jovem. Já o jogo, em si, talvez seja simplista e monótono para os ávidos de ação. Mas toda a experiência vale bem a pena, seja para um jogador ou para um pensador. Ou alguém que equilibre ambas as facetas.

+ Visuais cheios de cor e vida

+ Música que enriquece a experiência

+ Um jogo dentro de uma estória

– Rolar e enrolar sem parar…

– Tentativa e erro, muito disto!

N.R.: A análise a Journey of the Broken Circle foi realizada numa Nintendo Switch com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente disponibilizada pela Nakana.io.

Paulo Tavares: Professor de ocupação, jogador por diversão. Guarda religiosamente as cassetes do seu Spectrum 128k. Leva demasiado a sério a discussão de melhor Final Fantasy. 7, fim de conversa.
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