Análise Operencia: The Stolen Sun

Em tempos de pandemia, o mundo é sempre o mesmo, todos os dias. Recorremos então à nossa imaginação para poder sair de casa, correr outros mundos. Abrimos então Operencia: The Stolen Sun, que traz reminiscências de livros cheios de histórias, e folclore, que nos transportam para um mundo onde reis e dragões se digladiam pelo poder supremo, de masmorras atulhadas de inimigos que nos dificultam a progressão e onde puzzles fazem por vezes puxar pela massa cinzenta, que anda certamente pouco estimulada devido ao período que vivemos.

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Seremos dignos de salvar o Rei-Sol Napkiraly? Seremos capazes de brandir a espada que outrora pertenceu ao poderoso rei Átila? Sentemo-nos então à volta da nossa televisão e façamos parte desta história por contar…

Da Hungria… com terror.

Operencia: The Stolen Sun não é um jogo óbvio, que nos sobrecarrega com informações, nem nos traça um caminho óbvio do ponto A ao ponto B. O jogo inicia com uma espécie de tutorial, em que se tem um grupo de intervenientes, e só quando se termina esta introdução, se pode criar a personagem que será aquela que irá ser liderada. É uma espécie de aquecimento, onde algumas das mecânicas do jogo são apresentadas, mas onde muito fica por dizer. Isso fará parte da experiência, o descobrir o que fazer, como fazer. Percebe-se esta escolha, que se enquadra na perfeição neste conto contado ao longo de treze masmorras.

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A verdadeira personagem é um jovem ninguém que tem uma visão perturbadora e entusiasmante num sonho. E o sonho acaba mesmo por comandar este jovem e o seu grupo de companheiros que o vão ajudar nesta caminhada atribulada até à demanda final, numa grande aventura cheia de esqueletos assustadores, caveiras voadoras, sapos de olhos esbugalhados e até um dragão imponente! Os inimigos, apesar de bem desenhados, acabam por se tornar um pouco genéricos, repetindo uma e outra vez as hordas de inimigos sempre iguais…

Nas vinte horas adquiridas de jogo (mas serão necessárias mais para finalizar a demanda), a fantasia mistura-se com o folclore húngaro, resultando numa aventura cheia de saques e picardias entre personagens, como um livro velho e poeirento que se abre lentamente, mas que depois custa a fechar, mostrando que o verdadeiro encanto de Operencia: The Stolen Sun está no que se conta e não tanto no que se joga. E isso não tem nada de mal.

Movimento ao quadrado

O movimento em Operencia: The Stolen Sun acontece numa perspetiva de primeira pessoa, onde nunca vemos a nossa personagem nem aquelas que nos acompanham. Esse movimento é feito também através de um sistema em grelha que nos permite deslocarmo-nos apenas em quatro direções, respeitando escrupulosos ângulos de noventa graus cada vez que nos viramos. Estas especificações de movimento são um pouco estranhas, mas acabamos por nos adaptar. O jogo até faz um bom trabalho em disfarçar estas deslocações aparentemente robotizadas, dando a impressão de nos movimentarmos livremente, podendo interagir com alguns aspetos do ambiente envolvente.

No que diz respeito aos combates em si, não há encontros aleatórios. Podemos sempre ver os nossos inimigos ao percorrer as masmorras, permitindo-nos a escolha de evitar ou instigar os encontros, bem como existe a possibilidade de lançar emboscadas, que nos trará uma vantagem nos combates.

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Combates esse que são, como não poderia deixar de ser neste tipo de jogo, turn-based. São diferenciados de outros títulos deste tipo, pois as arenas de combate são divididas em três fileiras: uma mais próxima dos inimigos, ideal para o combate corpo a corpo, outra intermédia para os possuidores de magia e ainda uma mais afastada, que é ideal para as personagens possuidoras de arcos, por exemplo. A mistura de diferentes tipos de combate, e a relação que se cria entre eles, necessita de atenção, paciência e estratégia, pois corre-se o risco de se perder rapidamente todos os pontos de HP. Perfeito para os fãs pensantes.

Surpresa alquimista

Por vezes ao centrar a concentração tanto na experiência primordial de um videojogo, acabamos por perder outros aspetos que podem por vezes surpreender-nos e acabam por dar uma nova camada de diversão. Em Operencia: The Stolen Sun, este aspeto menos visto é claramente o sistema de alquimia. Com vários ingredientes em nossa posse, tem que se tentar adivinhar as receitas que podem ser criadas e que ingredientes serão usadas. Existem inerações disfarçadas de mini-puzzles para se poder identificar quais os itens que poderão ser criados. Perde-se (ou ganha-se) bastante tempo com este aspeto que teria muito provavelmente uma importância secundária. Criam-se momentos de verdadeira satisfação quando se conseguem juntar os ingredientes corretos para se formar o tão desejado elixir. Fica a ideia de que algo foi adquirido e que não nos foi dado, e esse tipo de recompensa é a melhor que se pode dar pelo empenho do jogador.

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Considerações finais

Operencia: The Stolen Sun é uma experiência na primeira pessoa diferente de outros RPG’s, com uma premissa interessante, com personagens que se picam constantemente em diálogos divertidos e com algumas masmorras muito bem conseguidas, captando a essência do género, mas sem se tornar banal. Os combates e os puzzles satisfazem os mais ávidos estrategas, embora o seu ritmo lento e um estilo de combate demasiado intelectual possa espantar jogadores menos experientes.

Operencia: The Stolen Sun já se encontra disponível para PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One e Windows PC

 

+ Bom argumento

+ Sistema de alquimia

+ Puzzles interessantes

– Progressão lenta

– Limitações visuais

– Voice-over fraquinho

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N.R.: A análise a Operencia: The Stolen Sun foi realizada numa PlayStation 4 com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Zen Studios

Paulo Tavares: Professor de ocupação, jogador por diversão. Guarda religiosamente as cassetes do seu Spectrum 128k. Leva demasiado a sério a discussão de melhor Final Fantasy. 7, fim de conversa.
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