Análise Alcatel A7: Simples e eficaz

Depois de ter feito um brilharete no segmento de gama média-alta e depois de ter feito smartphones mais desinspirados, a Alcatel parece ter encontrado o segmento de mercado no qual realmente pretende continuar a ser uma marca em ação: o segmento de gama média-baixa. Se no Mobile World Congress do ano passado já tínhamos ficado com essa indicação, a estratégia foi reforçada depois ao longo do ano com o lançamento de novos equipamentos.

O Alcatel A7 é o exemplo perfeito daquilo que a marca pretende fazer no muito concorrido universo dos smartphones: criar equipamentos simples, eficazes e fiáveis para uma utilização quotidiana não muito exigente. Isto significa também que os smartphones da Alcatel não são caros.

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No caso do Alcatel A7, o smartphone que testámos ao longo das últimas semanas, o preço de 230 euros garante um equipamento com uma experiência de utilização fluída, bom ecrã, autonomia consistente e uma câmara fotográfica que surpreendeu. Claro que é um smartphone que também tem pontos baixos, mas no geral mostrou que é um bom negócio na relação qualidade-preço.

O grande problema do Alcatel A7 acaba por ser o facto de concorrer num espaço preenchidíssimo e que conta com propostas cada vez mais ferozes – seja da Honor, da Xiaomi, seja de outras marcas chinesas não tão conhecidas, mas que têm crescido à boleia das vendas feitas diretamente através da China.

Aceitavelmente genérico

Visualmente o que é que distingue o Alcatel A7 de muitos outros smartphones? Pouco ou nada. O equipamento apresenta-se com um design muito generalista – bloco preto, de cantos arredondados, sem grandes traços distintivos ou rasgos originais.

O único elemento de ‘bling’ do smartphone são alguns apontamentos dourados – nas colunas da parte frontal, nos botões laterais, nos aros arredondados da câmara e do leitor de impressões digitais e no logótipo da marca. Acontece que apesar de ter apostado numa cor que tradicionalmente é agressiva, a Alcatel consegue fazer com que os elementos dourados sejam discretos.

E é aqui que o smartphone ganha uns pontos: mesmo sendo generalista, apresenta um aspeto muito aceitável. É um equipamento sóbrio e portanto parece estar focado num utilizador mais adulto, que precisa de um equipamento para as tarefas do dia-a-dia e não para uma afirmação estética.

Destaque também para o facto de a Alcatel continuar a apostar numa característica que já desapareceu em quase todos os outros smartphones: capas removíveis. Isto significa que é mais fácil aceder às entranhas do equipamento, o que a médio prazo pode ser vantajoso para, por exemplo, substituir uma bateria se for necessário.

Ao nível dos materiais de construção o Alcatel A7 é todo ele feito em plástico, sendo que a capa traseira tem micro-texturas para fazer com que o equipamento seja pouco escorregadio. Ainda assim o smartphone transmite uma imagem de solidez e parece garantir que não vai ganhar marcas de utilização num curto espaço de tempo.

Um smartphone com surpresas

Apesar do aspeto discreto que à primeira vista pode logo retirar o interesse a alguns consumidores, a verdade é que vale a pena mexer no Alcatel A7 para descobrir aquelas que são algumas surpresas bem agradáveis.

A maior de todas está sem dúvida na câmara fotográfica, um campo no qual a Alcatel nunca fez incursões espampanantes. O smartphone está equipado com um sensor de 16 megapíxeis que permite captar fotografias cheias de nitidez, boa iluminação e também elementos com bons recortes.

O sensor tem uma boa capacidade no registo de cores, ainda que as tonalidades não sejam muito saturadas. Nota-se também que há alguma margem de progressão a fazer na área dos contrastes, sobretudo na forma como é feita a interpretação dos tons mais escuros.

Ainda assim os resultados gerais que podemos obter com disparos instantâneos, sem grandes preocupações técnicas, são bastante apelativos. Deixamos aqui dois exemplos que representam bem aquilo que acabámos de dizer.

Ver imagens na resolução original: 1; 2

Em ambientes de fraca luminosidade as fotografias ficam um pouco tremidas se o utilizador não tiver mão firme e nota-se algum ruído nas imagens, ainda assim não consideramos que o desempenho do Alcatel A7 à noite seja negativo.

Relativamente à câmara frontal, de oito megapíxeis, podemos dizer que também garante fotografias com bom detalhe, bons níveis de iluminação, mas sofre do mesmo problema de contraste. Neste caso específico isso acaba por não ser tão importante, pois a câmara frontal é mais usada para selfies ou então para videochamadas, pelo que a falta de contraste não tem tanto peso.

Mas há mais aspetos positivos a salientar no Alcatel A7. O ecrã é muito jeitoso – são 5,5 polegadas com resolução Full HD, bons ângulos de visualização e com níveis de brilho que são cumpridores mesmo fora de portas. Seja na visualização de vídeos, seja no consumo de texto na web, seja a navegar em redes sociais, a experiência multimédia deste smartphone é boa.

Há no entanto uma chamada de atenção: as cores no Alcatel A7 tendem a ser um pouco frias, pelo que se estiver de alguma forma habituado a cores mais quentes e saturadas, como aquelas que caracterizam os dispositivos Samsung, pode sentir uma grande diferença.

A autonomia também é um dos aspetos positivos a reter da experiência com este smartphone. Com uma bateria com capacidade total de 4.000 mAh, o utilizador vai conseguir extrair um dia de utilização sem qualquer problema e, se for poupadinho, também conseguirá esticar a autonomia até um dia e meio sem grande dificuldade.

Estes três elementos – câmara fotográfica, ecrã e autonomia – constituem sem dúvida os pontos fortes do Alcatel A7. São elementos que quando pensados em conjunto ajudam a justificar o investimento de 230 euros que é pedido por este equipamento. Mas como já tínhamos dito mais acima, nem tudo são rosas neste smartphone.

Um smartphone também com desilusões

Duas grelhas douradas na parte frontal do smartphone fazem-no pensar em quê? No nosso caso foi em duas colunas frontais, para produzir um som estéreo e elevar a experiência multimédia dada pelo Alcatel A7. Acontece que só o altifalante da parte inferior faz parte do sistema de som externo do smartphone.

Além de só ter uma coluna externa – o outro é o altifalante das chamadas de voz -, a qualidade do som é mediana. Tem alcance e volume, sem dúvida, mas a definição do som não é das melhores que já ouvimos.

Outro elemento que não cumpriu em pleno as expectativas foi o leitor de impressões digitais. Está bem posicionado, tem uma taxa de reconhecimentos corretos quase total – volta e meia lá não reconhece o dedo à primeira -, mas é um pouco lento comparado com o que já vimos noutros smartphones.

Não é lento ao ponto de ser mais vantajoso a introdução do pin numérico ou do padrão de desbloqueio, mas transmite uma sensação de que o smartphone está lento, quando na realidade não está. Atenção, isto não tem qualquer tipo de impacto negativo na utilização diária, mas se estiver a pensar em comprar este smartphone, convém que esteja devidamente avisado para o que vai encontrar.

Um terceiro elemento está relacionado com a performance gráfica do Alcatel A7. Se do lado da performance em termos de capacidade multitarefa, de velocidade de resposta de comandos e de fluidez não há ressalvas a fazer, já o desempenho em jogos não escapa sem uns pequenos avisos.

Experiências mais simples como Knife Hit e Finger Driver são executadas sem qualquer problema, mas há medida que aumentamos a exigência gráfica de uma aplicação, começámos a notar algumas quebras de performance. No jogo Football Strike, que já é mais evoluído em termos de grafismo, já assistimos à quebra de alguns frames. Isto significa que se jogar for o principal motivo para comprar o seu smartphone, então provavelmente deve olhar para outros equipamentos – e para outros níveis de preço, a rondar os 300 euros.

Em termos de desempenho geral a médio prazo não deverá ter grandes problemas, pois os 3GB de memória RAM e os 32GB de armazenamento interno, com capacidade de expansão através de cartão microSD, são números bastante razoáveis para um smartphone de 230 euros. O Android 7.0 que marca presença no equipamento também não está muito carregado de personalização por parte da Alcatel, o que certamente vai ajudar a manter o equipamento com um desempenho equilibrado.

Também aproveitamos a ocasião para deixar um aviso à Alcatel: ainda que as entradas microUSB sejam atualmente as mais populares, talvez seja melhor começar a apostar em entradas USB-C, até nos dispositivos de gamas mais acessíveis. É um esforço que pode ser recompensado – primeiro porque ainda poucas empresas estão a fazê-lo; e segundo porque transmite aos utilizadores uma ideia de continuidade. O USB-C é o futuro, o microUSB não.

Considerações finais

Em bom rigor definimos as principais características do Alcatel A7 no título da análise: é um smartphone simples e eficaz. Claro que isto comporta sempre vantagens e desvantagens: ser simples em design significa que pode ser pouco apelativo para uma grande franja de utilizadores que procura equipamentos com características premium a preços mais acessíveis; ao manter uma boa relação qualidade-preço isso significa que há elementos, como o desempenho gráfico, que a médio prazo poderão não corresponder ao desejado.

Olhando para os prós e para os contras, o Alcatel A7 no final acaba por afirmar-se como um dispositivo equilibrado e talhado para os utilizadores que procuram um desempenho certo, um smartphone companheiro para o dia-a-dia e que não obrigue a um investimento acima dos 250 euros.

O maior problema do Alcatel A7 pode mesmo ser a concorrência feroz que existe no patamar seguinte, isto é, nos equipamentos que custam entre 270 e os 300 euros. A partir destes níveis de preço encontramos smartphones com designs e materiais de construção muito mais inspirados, já começamos a encontrar características mais modernas como ecrãs com um rácio de 18:9 e sensores fotográficos duplos.

Por outro lado, mais tecnologia nem sempre significa mais vantangens para os utilizadores – porquê ter um smartphone capaz de produzir efeitos bokeh, se não tenciona tirar partido dessa característica? Ao manter-se simples, o Alcatel A7 está a mandar uma mensagem muito clara para os utilizadores que procuram apenas algo que sejam bom dentro do nível de preço que estão dispostos a pagar.

Dentro desta simplicidade ainda leva uma boa câmara fotográfica, pelo que deve sempre considerar o Alcatel A7 se estiver a pensar em comprar um dispositivo móvel abaixo dos 250 euros.

Alcatel A7
Design e construção
6
Ecrã
7
Fotografia
8
Performance
7
Autonomia
8
Software
8
Reader Rating3 Votes
9
Capta boas fotografias
Autonomia superior a um dia
Ecrã muito consistente
Design pouco inspirado
Leitor de impressões digitais lento
Pode não ser o mais indicado para jogos
7.3
EM 10
Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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