Cuisineer

Cuisineer – Análise

Pom liga à Comissão de Proteção de Jovens…

Pom tem uns pais desnaturados. Foram passear pelo mundo e deixaram o restaurante familiar por sua conta e risco. Pior: parece que há uma enorme dívida por pagar, consequência desta viagem! Assim sendo, Pom tem que trabalhar para pagar a dívida ou o mesmo é-lhes retirado, voltando os pais da sua viagem incrível para um lar sem trabalho e com adolescente a ansiolíticos, pois não deve aguentar a pressão de ser dono de restaurante.

Ainda o que vale é que a pessoa a quem se deve dinheiro não deve precisar dele e deixa Pom fazer o que quiser, sem restrições temporais. Tipo Tom Nook, mas sem aquele esgar de atitude.

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Podemos então escolher o que fazer para ocupar os nossos ciclos diários: irmos para as dungeons para encontrar os nossos alimentos, que sãoliteralmente monstros em forma de comida, bem como materiais para construir ou melhorar o nosso pequeno recanto de comidinha. Cuisineer funciona como um roguelite, com os níveis a serem gerados aleatoriamente, mas construídos de forma até simplista, de fácil navegação.

O lodo no restarante é um mito!

Quando esta tarefa termina, ao sairmos da dungeon ou ao morrermos (e vai acontecer muitas vezes) podemos concentrar-nos no nosso restaurante. É importante frisar que, à boa moda rogueliteana, se morrermos, perdemos tudo o que conseguimos juntar…

Tomar conta deste restaurante não é muito difícil. Aliás, pode até tornar-se aborrecido, porque toda a comida é feita com um simples pressionar de um botão e esperar que tudo fique pronto. Teria ficado aqui algum desafio que diferenciasse aquilo que estamos a cozinhar, como acontece com a série Cooking Mama, onde cada preparação de ingrediente tem uma mecânica própria. Fica chatinho, diga-se.

Como cozy game que se apresenta, Cuisineer começou a mexer-me com os nervos de duas formas paradoxais. Ficava farto da pasmaceira no restaurante onde pouco se faz para além de garantirmos que temos os ingredientes certos para determinadas receitas, onde apenas tinha que pressionar num botão. OK, está claramente na hora de fechar a tabanca e ir para as dungeons, combater alimentos com olhos com uma escumadeira. Cinco minutos depois, o inferno sentido só numa cozinha profissional de inimigos vindos de todas as direções faz-se sentir, com mortes repetidas e itens perdidos, o que me levava a querer parar com aquilo e voltar para a pasmaceira do clicar ignóbil do restaurante. Apesar de muito eficazes em cada um dos seus estilos distintos, ambas as partes conseguiram enfurecer-me e aborrecer-me em partes iguais.

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Há bastantes side quests que podem ajudar a retirar mais proveito deste cozinhado eclético mas nem sempre bem conseguido. Mais receitas, novos inimigos e materiais, mais armas, mais chás que nos ajudam nas batalhas, seja com recuperação de vida ou com poderes temporários.

As personagens são bem engraçadas, com inspiração na animação japonesa, mas são muito limitadas e sem grande profundidade, o que nos leva a não criar grandes ligações. Há coisas bem feitas nestes campos, como maior desenvolvimento de personagens através de sistemas de amizades ou até de intimidade, que conferem maior interesse.


Death by onion

Voltando agora com mais pormenor à parte do jogo que mais me interessou: as dungeons são frustrantes, mas isso pode ser porque eu nunca fui muito bom em roguelites. A nossa personagem não tem muitas armas que nos permitam enfrentar hordas de inimigos comestíveis à distância, e o facto de não haver mecânicas de desviar ou evitar os ataques, faz com que fiquemos rapidamente à sua mercê e é ver aquela barra de vida a ser sugada como se de uma cabeça de camarão al ajillo se tratasse.

Para jogo de fim de dia com intuito de relaxar, a agressividade da componente roguelite destoa bastante.

Considerações finais

Cuisineer é divertido e frustrante. Tudo acontece sem grande vida e as relações que se tentam criar com os seus habitantes são frívolas e básicas.

Também as interações com o restaurante e o seu cuidar não são exigentes e a azáfama e destreza necessária para servir o prato perfeito aqui não existe; o clicar de um botão parece ser suficiente. 

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O elemento roguelite cumpre bem o seu propósito, apesar de ter limitações. Contudo permitiu-me passar nele bem mais tempo do que no da gestão de restaurante.

Cuisineer serve perfeitamente para limpar o palato de jogos jogados até aqui e de algum movimento de lançamentos que se prevê ainda em dezembro. Mas não ficará na minha memória gustativa.  

nota 3

Cuisineer tem um loop de jogo interessante e visuais interessantes, mas enfurece quando devia acalmar e vice-versa. Quem diria que me ia enervar com adoráveis bolinhos que só querem a minha morte?


+ Visuais adoráveis
+ Misto entre “géneros” engraçado

– Gestão de restaurante irrelevantes
– Pouca vida e complexidade das personagens
– Modo roguelite pouco otimizado

N.R.: A análise a Cuisineer foi realizada num PC com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Marvelous Games Europe .