Deathloop 1

Deathloop – Análise

Antes de a Bethesda ser comprada pela Microsoft, a Arkane, equipa que faz parte do grande rol de produtores debaixo da saia da Bethesda, já estava a fazer Deathloop e neste caso com acordo de exclusividade para a PlayStation 5 no que concerne o lançamento em consolas.

A Arkane Lyon deu a Colt, um assassino com amnésia preso num ciclo diário, uma tarefa extremamente difícil, quebrar este ciclo ao ter de matar oito alvos nesse mesmo dia. Mas para isso, temos de explorar bastante Blackreef Island em várias alturas do dia para podermos fazer isso acontecer. Colt vai ter de fazer das tripas coração para poder levar a melhor nesta ilha que parece ter saído de um thriller de espionagem.

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Colt é perseguido e morto repetidamente por Julianna, uma mulher com um temperamento complicado e que está sempre a picá-lo através de um walkie talkie rudimentar, mas é uma ferramenta muito útil na nossa aventura.

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Ambicioso e aventureiro

Vou tirar já esta pedra do caminho, adorei Deathloop pela lufada de ar fresco que é numa indústria saturada dos mesmos estilos de jogos. Tiro o chapéu à Arkane por ter a ambição de se basear em algumas mecânicas dos seus antigos jogos, principalmente Dishonored e dar outra roupagem no que é contar uma narrativa sem nada ser linear. Porque aqui nada o é.

O ter de explorar os quatro níveis que temos à nossa disposição para, através de audio logs, notas, e ouvir algumas conversas, juntar as peças todas e assim encontrar informações sobre como juntar todos os visionários é brilhante. Fazer um trabalho de detetive não só para as missões principais como para alguns objetivos secundários, que não se dissociam muito. Olhando para a forma de como o mundo de Deathloop foi construido, faz todo o sentido que assim seja.

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Deathloop é um puzzle em todo o sentido da palavra e logo nas primeiras runs entendi o porquê. Toda a sua estrutura é muito mais interessante que a jogabilidade momento a momento. Blackreef Island está dividida por quatro áreas exploráveis e quatro distintas alturas do dia para o fazer. Cada vez que saímos de uma área, o tempo avança.

Por isso, não é possível assassinar todos os visionários num só dia logo à partida. Tive de investigar exaustivamente cada área em cada altura do dia para reunir pistas em como os visionários ocupam o seu tempo e ainda mais importante, quando é que se juntam. Como o fazer? A resposta à pergunta é uma das maiores qualidades de Deathloop, faço como quero… é totalmente a minha escolha. Combate puro e duro ou abordagem furtiva com muitas nuances ambientais à mistura.

A Arkane faz um trabalho excelente em dar a informação necessária ao início e depois deixar o jogador explorar e aprender sobre tudo o que o rodeia.

Armas, habilidades e um pontapé pelas costas

Em termos de jogabilidade, Deathloop tem mais ação que Dishonored, mas muito do mesmo ADN está presente, conseguimos esgueirar-nos e despachar silenciosamente os inimigos e evitar outros por completo. Mas, desta vez, temos um bom arsenal de armas, desde uma sniper de alto calibre a pistolas automáticas. Cada arma tem um nível de raridade e algumas trazem habilidades especiais que geralmente recebemos ao matar visionários. Entre as minhas preferidas estão a Sepulchra Breteira, uma sniper em que os tiros na cabeça causam explosões e a Strelak Verso, duas pistolas que têm um modo em que as juntamos e fazem uma SMG.

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Podemos também equipar trinkets para melhorar as nossas habilidades (mais vida, sermos mais furtivos…), e para as armas (maior carregador, carregar mais rápido) bem como os poderes especiais que podemos apanhar dos corpos moribundos dos visionários. São estes poderes, a diversão que nos dão e a muita utilidade que possuem, que fazem a nossa jogabilidade mais espetacular, falo de shift, um teletransporte que ajuda a fugir, mas também a escalar edifícios, karnesis que atiramos os inimigos pelo ar, atordoando-os, bem como outros bem interessantes.

Estes poderes ajudam a “normalizar” bastante o jogo, dando-nos vontade para matar os visionários mais que uma vez, já que nos podem dar upgrades para estes poderes. Existe também o Residuum, que é uma “moeda”, um recurso, que nos deixa manter as nossas armas preferidas, trinkets e habilidades quando repetimos o loop.

Deathloop
Crédito: Bethesda Softworks / Pintrest Universal Renders

Blackreef em quatro partes

A estrutura e mecânica de Deathloop fazem que seja um jogo que só me apeteceu repetir os níveis no início enquanto as pistas que fui encontrando se mantiveram frescas e novas. Fui encontrando caminhos novos e portas fechadas que fiquei intrigado em como as poderias abrir, mas este sentimento é reduzido consideravelmente ao passar mais tempo de jogo. Esta repetição torna-se cansativa e apenas é um pouco esbatida quando já nos sentimos um super-herói e damo-nos objetivos próprios a fazer.

Temos de lutar contra os mesmos inimigos, nos mesmo sítios, refazer os mesmos puzzles e apanhar os mesmos equipamentos, algo que pode ser especialmente complicado em caminhos com demasiados inimigos e em que temos de concluir objetivos que requerem que sejamos absolutamente furtivos (bunker da Fia, estou a olhar para ti). Fica frustrante passarmos a mesma coisa pela quarta ou quinta vez.

Deathloop também tem uma componente multijogador que achei muito interessante. Controlamos Julianna e invadimos os outros jogadores e caçamos Colt. Este modo dá acesso a mais skins para os nossos personagens. É uma versão muito criativa de combate PvP em que podem resultar batalhas intensas e inesperadas. Caçar um jogador que simplesmente está a fazer o seu joguinho tranquilo dá outra roupagem ao contexto de todo o jogo. E quando estamos a ser procurados por Julianna, traz uma tensão adicional aos nossos objetivos.

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Enquanto Blackreef Island consegue ser um sítio desolador, achei Deathloop um jogo muito bonito esteticamente e com boas decisões na sua arte. Cada um dos quatro distritos têm algo único para oferecer, das ruas de Updaam à costa de Karl’s Bay. Todo o jogo tem um estilo um pouco cartoon e emana anos 60 por todo o lado. Na PS5, a versão analisada podemos jogar em modos performance e resolução, como tem sido hábito nestas novas consolas.

A nível sonoro, a música e voice acting são excelentes com muitas músicas ambiente e adequadas à situação. Os atores que dão voz a Colt e Julianna conseguem passar as brincadeiras e discussões que ambos têm durante todo o jogo. Estes diálogos são muito importantes para a narrativa, principalmente para nos manter interessados na sua dinâmica. Ajuda o guião estar muito bem escrito com momentos dramáticos, mas também me fizeram rir com as tiradas de Colt.

Considerações finais

Adorei Deathloop pelo que é, por me deixar explorar e entender a narrativa à minha maneira e por ser a continuação perfeita do que é um jogo Arkane. Sempre adorei os Dishonored e Deathloop é o upgrade em tudo, jogabilidade, história e a maneira que todo esse pacote me faz voltar ao loop. É uma premissa muito original e cumpre muitíssimo bem o que promete. Há muito para ver e para fazer e à nossa maneira.

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O herói e a vilã têm uma química inegável e assim que começamos a perceber todo o contexto, sentimo-nos mais capazes de atacar os visionários. Pode ser cansativo em algumas alturas, nem todas as runs trazem progressão e algumas são frustrantes quando temos de repetir uma secção mais difícil.

Deathloop é um jogo como nunca viram. Pode não ser para todos, mas é uma experiência a ter em conta. Mal posso esperar para ver o que a Arkane fará no futuro.


+ Um jogo muito original
+ Muito bem escrito e representado
+ Escolhemos a nossa própria maneira de jogar
+ A forma que a Arkane nos contextualiza a narrativa

– Alguma repetição que pode ser cansativa

N.R.: A análise a Deathloop foi realizada numa PlayStation 5 com acesso a uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Play & Game