Dredge

Dredge – Análise

Muitos podem pensar que um jogo sobre pesca pode ser das coisas mais relaxantes do mundo, aquele jogo de domingo chuvoso, que não temos de pensar muito, apenas absorver a sua história e relaxar. Dredge podia ser esse jogo, e na sua primeira meia hora até o é, mas rapidamente se torna uma experiência estranha, com uma história mais profunda que o normal, que de certa maneira me pôs a pensar e extrapolar sobre o seu lore.

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Em Dredge, navegamos e pescamos, mas estranhos e misteriosos acontecimentos levam-nos para mares pouco navegados, desvendando aos poucos uma história com contornos místicos. Para entendermos totalmente a densidade da história temos de fazer as várias missões secundárias e prestar atenção aos pequenos detalhes bem como examinar várias notas que encontramos.

Dredge tem influências das obras de H.P. Lovecraft, por isso esperem uma atmosfera muito estranha.

As mecânicas são simples, mas eficazes

Vender o nosso peixe é uma expressão que encontramos no nosso dia a dia, mas em Dredge é o nosso ganha-pão. Vender a nossa mercadoria é a fonte do nosso rendimento e podemos também recuperar materiais afundados (para melhoramento do nosso barco), bem como pequenos tesouros que podemos vender. Com este pé de meia e materiais fazemos os upgrades que precisamos para continuar, como aumentar o espaço no porão, motores mais rápidos, luzes mais brilhantes e vários tipos de equipamento de pesca.

É um sistema de progressão satisfatório e sentimos o impacto dos melhoramentos feitos.

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Capturar o mais variado pescado significa explorar várias zonas do mar e oceano e para o fazer temos de ter as ferramentas necessárias. Temos vários tipos de canas de pesca, coastal, shallow, oceanic e volcanic. Podemos comprar armadilhas para caranguejos e redes para pesca de arrasto, tudo para maximizar o nosso rendimento. Gerir todas estas maneiras de pescar com o espaço de porão é uma logística complicada e por vezes custa-nos muito deixar coisas para trás. Mas o sistema de inventário é simples e não complica, é um simples puzzle e gostaria que em alguns jogos se simplificasse assim também.

O tempo, as horas mais especificamente, apenas passam quando navegamos ou pescamos (se estivermos parados, parece que o sol não gira) mas quando a noite cai, o lado mais negro deste mundo vem ao de cima e de várias maneiras.

No silêncio da noite

Quando o sol se põe, o pânico surge. Quanto mais tempo estivermos na escuridão, mais pânico sentimos e o pânico atrai o “outro lado”. Começamos a ver ilhas que não existem, rochas no nosso caminho e são mais que meras ilusões. Apenas as luzes instaladas na nossa embarcação permitem ver essas ilusões (as rochas rapidamente passam a ser reais com dano no barco) e não é aconselhável navegar de noite, mas por vezes tem mesmo de ser.

Algo pode entrar a bordo e infetar o nosso pescado, e quando digo algo, é porque não conseguimos identificar o que seja que o faz acontecer, as mais variadas aberrantes criaturas podem atacar-nos e o jogo é intencionalmente vago em como lidar e defendermo-nos destes perigos e parte do divertimento do jogo é descobrir como fazê-lo, porque não podemos atacar com nada.

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Nem a luz do sol nos safa às vezes, se o nosso nível de pânico estiver alto, estes perigos irão perseguir-nos até meio da manhã e se dormirmos ou pararmos à luz do sol, esse nível será reduzido lentamente.


Sem Kevin Costner, mas é um WaterWorld

Dredge é um jogo com muito charme mesmo com tudo o que falei antes, mas esse charme estende-se ao seu mundo. Navegar sem rumo enriquece-nos, ao descobrir missões secundárias e por consequência mais do lore deste mundo. Temos cinco regiões para descobrir e cada uma tem algo de diferente, desde as espécies de peixe, perigos e pequenas histórias. Cada região tem a sua missão principal, secundárias e puzzles para resolver e temos de pesquisar e melhorar ferramentas diferentes para o podermos fazer.

A nível visual tem um estilo muito próprio que lhe assenta bem e tem aquela atmosfera que falei anteriormente, que são completamente distintas durante o dia e a noite. Enquanto a noite tem momento assustadores e inquietantes, encontramos durante o dia a verdadeira beleza natural deste mundo. Vemos uma tartaruga nadar ao lado do nosso navio ou uma baleia a vir à superfície e são momentos que nos deixam em paz. Só nós a navegar e o vento a soprar.

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A nossa aventura é embalada pelo encontro com um homem misterioso que nos incube a missão de lhe resgatar umas relíquias perdidas e o fio da nossa exploração é regida por este ponto fulcral da história e tudo o resto se abre à nossa frente de uma maneira muito satisfatória.

Considerações finais

Dredge é um jogo de pesca encapotado, é um jogo de puzzles, de aventura e um thriller, com uma história e lore muito interessantes. Tem momentos inquietantes, especialmente quando queremos avançar nos objetivos e a noite cai, trazendo uma penumbra que traz todos os perigos à tona. É um jogo refrescante como a maresia do alto mar, uma ideia brilhante que resulta, principalmente com a associação ao universo de H.P. Lovecraft, em que explorar o desconhecido é entusiasmante.

nota 4

Dredge é definitivamente um dos meus jogos preferidos de 2023.


+ Atmosfera inquietante
+ Mecânicas simples e eficazes
+ Cada região tem a sua identidade

– Podia explicar melhor o que é para fazer