Sempre houve uma luta gigante para o trono de “o melhor jogo de futebol”. Em campo sempre estiveram, ou quase sempre, a franquia FIFA e o jogo da Konami, o antigo Pro Evolution Soccer. No entanto, tudo parecia estar decidido quando a Konami entrou pelo meio-campo ofensivo da EA e disse “o jogo que deixa de ter o nome PES vai passar a ser gratuito”. A EA contra-atacou e disse “o FIFA 22 vai ser o melhor de sempre, e tem esta tecnologia nova chamada Hypermotion”.
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Mas promessas que caem no vazio são cada vez mais comuns, principalmente no que toca a cada jogo que é lançado com campanhas de marketing que prometem sempre mundos e fundos, mas que depois nada conseguem entregar. Será que o contra-ataque da EA funcionou e temos em mãos o melhor FIFA dos últimos anos?
A revolução prometida pela EA no que toca ao ataque ao trono chegou com o nome de Hypermotion, mas importa referir que a tecnologia que diz trazer a sensação do futebol real até ao mundo digital está apenas presente nas consolas de nova geração (Xbox Series X | S e PlayStation 5) e na plataforma da Google, o Stadia. Ou seja, pessoas que joguem numa consola de geração passada ou no PC podem esquecer… estão presos em 2020, estão presos a um FIFA em Hypermotion.
A Nintendo Switch, bem essa nem se fala, já que o modo Legacy aparenta continuar a ser como uma ida ao balneário num dia sem treinador. É só para trocar de equipamento, porque no jogo dito nada muda.
Uma mudança para melhor
A primeira mudança interessante para este FIFA 22 foi a própria introdução. Fez-me entrar no jogo, e no espírito do futebol, de imediato. Algo que me aconteceu pela primeira vez num título ligado ao desporto, diria mesmo que estava mais interessado naquela introdução do que alguma vez estive na carreira de Alex Hunter. Entrar, escolher a roupa, correr pelas ruas de Paris, chegar ao estádio, aquele, o Parque dos Príncipes e jogar com as maiores estrelas do futebol mundial. Que sonho!
Mas vou-me focar no que interessa, a tecnologia Hypermotion. Até começar a jogar FIFA 22, assim que ficou disponível para experimentar com as 10 horas de acesso para membros EA Play, não tinha percebido o que é que era esta tecnologia que a EA tanto falava. Parecia mais uma palavra chique usada para fins de marketing e que pouco, ou nenhum, efeito ia ter no jogo jogado, no 11 contra 11.
Após começar a jogar, sendo que os primeiros jogos foram no sofá da sala num mítico 1vs1, a minha opinião sobre a Hypermotion mudou completamente. Ou pelo menos sobre algo presente neste FIFA 22. Quando estão com a bola nos pés, os movimentos dos jogadores parecem mais naturais, mais aproximados daquilo que é o futebol que tanto gostamos de ver na televisão ou no estádio. No entanto, é sem bola que realmente brilha, os movimentos da equipa como um todo fazem, pela primeira vez nos últimos anos, sentido. A Inteligência Artificial em FIFA passou finalmente a ser inteligente.
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Os passes a rasgar a ala fazem-se sem grande dificuldade, mas o passes curtos são mais complicados. Não porque estão difíceis de fazer, mas porque os jogadores à nossa volta estão mais atentos. Defender está, de certa forma, mais completo ao mesmo tempo que está mais complicado. Para além da normal troca de jogador, que por vezes pode ser uma receita para o desastre, é agora possível pressionar o analógico direito e escolher um dos jogadores da defesa para passar a controlar, mesmo que esteja do outro lado do campo.
Esta nova forma de defender pode ser muito importante para conseguir que todo o processo defensivo seja eficaz, mas calma, porque pelo menos para mim não foi fácil (ok, ainda não é) de controlar com mestria pelo que o processo defensivo em vez de ser eficaz, é, na verdade, uma lástima. Sofro golos como se não houvesse amanhã sempre que me meto a apostar nestas novas técnicas.
Mas, aselhice à parte, é uma excelente adição à jogabilidade de FIFA 22 que permite aos mais capazes jogar mais e melhor, defender mais e melhor. No fim, ter mais controlo. A todos os outros, como eu, é apostar na repetição, no treino. Um dia chegamos lá.
Desta vez não foi só o Ultimate Team que teve direito a uma nova versão de FIFA
Não vou dizer que é a única vertente de cada FIFA com direito a atualização, digna desse nome, a cada ano que passa. Mas não podemos negar que é o modo de jogo que mais alterações sofre a cada ano que passa, a cada FIFA que chega ao mercado. Este ano conta com mais cartas, cartas diferentes e novos packs. Vejam bem, conta até com itens cosméticos que podem ser comprados com pontos FIFA (ou moedas ganhas ao jogar, claro).
Como dizia a um amigo num destes dias pós-FIFA 22 acredito sinceramente que o modo de jogo Ultimate Team faz falta em jogos deste tipo, é este criar de equipa e o tentar fazer o melhor dos melhores com os recursos que temos disponíveis que é a essência do futebol, sendo é isso mesmo que fazemos em Ultimate Team, somos verdadeiros managers de uma equipa em busca de glória. No entanto, o que não faz falta a FIFA 22, ou a qualquer outro jogo, é o modelo de negócio de Ultimate Team e modos semelhantes, que se retirem os pontos FIFA e já fica melhor. Que seja um jogo de azar, ou de sorte, mas sem a possibilidade de gastar dinheiro real. O que não falta são formas de, em jogo, ganhar dinheiro, packs, cartas e afins.
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Passando para os Clubes Pro a principal alteração, pelo menos a que mais gostei, foi a possibilidade de conseguir atribuir perks (atributos especiais) ao nosso jogador. Estes atributos fazem com que possamos, por exemplo, ser mais rápidos nos últimos 15 minutos de jogo, ou após marcar um jogo. Atuam quase como uma espécie de motivação extra para quem está em campo, algo muito agradável para quem joga Clubes Pro de forma quase diária. Para além de ser agradável em campo é também agradável por ser mais uma forma de personalizarmos a nossa personagem neste RPG do futebol moderno.
Tal como nos restantes modos, também a jogabilidade do modo Clubes Pro está diferente. E, também como nos outros modos, é agora mais divertido de se jogar. O FIFA sempre me stressou, este ano o FIFA 22 está a fazer o que um jogo deve fazer, deixar-me relaxado. Quando erro, o erro parece ser meu e não de um jogo disfuncional. Quando faço algo com jeito a sensação de realização é como nunca foi.
Por mim, uma palavra de carinho à pessoa (ou grupo) que trabalhou no modo VOLTA este ano. Não só por ser o melhor FIFA Street desde o último FIFA Street, mas porque o modo Arcade é, sem dúvida alguma, o party mode de FIFA 22. Seja no “tiro ao alvo” ou no “fut tenis” é o melhor modo para jogar com amigos quando procuram uma partida rápida ao invés de todo um jogo de futebol.
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Nota negativa para este modo quando falamos em criar partidas, para além do Arcade só estar disponível ao fim de semana (vá-se lá perceber porquê) o VOLTA continua a não deixar fazer partidas 1VS1 com os amigos. Convites, esses, só para partidas co-op.
Considerações Finais
Sem papas na língua: FIFA 22 é o melhor FIFA da última meia década. Digo mais, pela primeira em muitos anos diverti-me enquanto jogava FIFA, esta versão do jogo de futebol da EA devolveu-me isso. Seja nos Clubes Pro ou no Ultimate Team, os modos que mais jogo, algo me diz que este é o ano em que vou aguentar a jogar FIFA de forma regular por mais que um ou dois meses.
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Agora se dei os parabéns à EA por terem finalmente afinado a forma de FIFA, deixo também um pedido: EA, não estraguem FIFA 22 com atualizações atrás de atualizações. Corrijam, alterem o que for preciso, mas deixem a base deste jogo como ela está, porque está como sempre devia ter estado.
FIFA 22 é o jogo que todos os amantes de futebol vão querer jogar este ano. Está um jogo completo, justo e divertido.
N.R.: A análise a FIFA 22 foi realizada numa PlayStation 5 com acesso a uma cópia do jogo gentilmente disponibilizada pela EA Portugal