Grid Legends

Grid Legends – Análise

Os adeptos de lides automobilísticas têm centrado os seus holofotes no recente lançamento de Gran Turismo 7, um título que celebra o vigésimo quinto aniversário da saga. Num percurso paralelo, Grid Legends coloca a quinta mudança em direção às prateleiras, quase vinte cinco anos após a estreia de Toca Touring Car Championship, o título primogénito que acelerava dentro das possibilidades que a Playstation original proporcionava e que em 2008 sofreu uma renovação de entidade.

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Com Grid, a Codemasters optou por um equilíbrio entre simulação e arcade, carregando no pedal do último com mais consistência. Grid Legends continua aquilo que foi feito em Grid, lançado em 2019, adicionando novidades capazes de aliciar condutores sedentos por asfalto a altas velocidades mas serão suficientes para elevar a série a um novo patamar?

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Driven to Glory, um vislumbre do efeito Electronic Arts

Ao tornar-se uma subsidiária da EA, a Codemasters parece ter apostado num modo História em espécie de ode às apostas similares dentro do catálogo desportivo da EA, sendo o modo The Journey em Fifa o que mais vem à memória. Em Grid Legends, Driven to Glory apresenta uma trama no âmbito de uma competição automobilística, interpretada por actores de carne e osso de algum reconhecimento. Somos o Driver 22, um caloiro do volante, que se junta à equipa de Seneca Racing, um grupo que tem competido pelas últimas posições e que procura desesperadamente pelo o seu lugar ao sol. Para além dos condutores, conhecemos um pouco do especialista técnico e do líder da equipa, bem como os rivais desprezíveis que cedo invocam aquela vontade de lhes mostrar quem manda na pista.

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Existe uma discrepância narrativa entre a nossa performance ao volante e os eventos que ocorrem no enredo. Podemos arrasar a meta em primeiro lugar e a história diz-nos que mal nos conseguimos manter nas últimas posições, o que cria um efeito caricato que podia ter sido evitado. Contudo, a apresentação em formato de documentário está bem conseguida. Os actores, na sua grande parte, cumprem o papel, às vezes através de saídas genuinamente engraçadas, outras pelo comportamento pretensioso e irritante. Estou a olhar para vocês, McKane´s! Todo o arco narrativo está inundado de clichés e lugares comuns e a previsibilidade ecoa por aquilo que tem sido feito noutros meios, mas ainda assim é um bom esforço por parte da Codemasters e seria irrealista esperar um trabalho digno de óscares num jogo de corridas.

Grid Legends

Modo Carreira, a espinha dorsal metálica

Se Driven to Glory é a novidade mais sonante, o modo a solo que mais tempo vos ocupará é o modo Carreira. Aqui encontra-se uma panóplia considerável de pistas, modos, eventos e é onde vão desbloquear o maior número de máquinas. Começando pelos modos, regressam as habituais corridas, o modo elimination, que permanece um dos mais divertidos. A pressão de não ficarmos nas duas últimas posições é estimulante. A introdução da Multi-Class Race é também uma das melhores novidades, uma vez que veículos mais lentos como os camiões têm um avanço, ao passo que os mais velozes começam em último. A mixórdia de diferentes classe de veículos numa única prova coloca sempre outro entusiasmo às corridas. Existem outros desafios, como conseguir os melhores tempos por volta e executar drifts de deixar os pneus orgulhosos e queimados.

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Podem selecionar os desafios de forma relativamente flexível, caso se aborrecem com um determinado tipo de competição. A variedade de veículos é de salutar: De fórmulas, a turismos, a camiões, carros eléctricos e até veículos altamente modificados, há muito por onde escolher. Os supercarros, que atingem velocidades tão vertiginosas, tendem a escapar mais se virar-mos demasiado o volante. Já os carros eléctricos, compensam a falta de pujança sonora pela estabilidade com que aderem ao alcatrão. As nuances de cada veículo acabam por refrescar a experiência, apesar de haver uns mais divertidos que outros. Conduzir um camião acaba por ser mais chato que empolgante.

De regresso está também o sistema Nemesis, em que demais concorrentes poderão colocar-nos na lista negra caso demonstremos hostilidade nas suas viaturas. Ao empanarmos alguém pela lateral, esse mesmo condutor irá lembrar-se e retribuir o favor, não só na mesma corrida, como em eventos posteriores.

De forma complementar, foi feito um trabalho notável na inteligência artificial dos condutores. O seu trajecto não se sente linear e pré-determinado, como em outros títulos de corridas em que os automóveis seguem a sua trajetória, alheios a qualquer acidente ou eventualidade. Os adversários tentam reduzir os ângulos nas curvas, colidem entre si organicamente com e sem a intervenção do jogador e são ainda capazes de erros de cálculos nas manobras.

Queimar borracha por ambientes envolventes

A competição pelo pódio leva o jogador a um pouco por todo o mundo, incluindo Londres, Moscovo, Paris, Barcelona ou Dubai. Por vezes conduzimos por zonas industriais, de curvas apertadas, outras servem como uma espécie de tour por marcos icónicos de capitais europeias. A Codemasters optou pelo foco em ambientes atmosféricos. Conduzir ao lado da Torre Eiffel acompanhada por uma belíssima iluminação solar tem um efeito de catarse tão envolvente quando um ambiente citadino acompanhado de chuva torrencial, em que as luzes de placas e postes ganham vida no asfalto encharcado.

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É sem dúvida um jogo vistoso, atestando o potencial do motor gráfico na nova geração de consolas. A nível estético, deixa apenas a desejar nas paisagens mais longínquas das pistas. As árvores apresentam uma qualidade digna de duas gerações atrás e falta muito detalhe em certas texturas.

O maior desapontamento em Grid Legends prende-se com o sistema de danos e as reações dos automóveis. Por mais alucinante que seja a velocidade na hora do impacto, as mossas nos concorrentes são idênticas a um toque no poste aos fazermos marcha-atrás. A reação dos carros é quase inerte, e tendo em conta que a própria série já fez um trabalho bem mais impressionante, não deixa de ser estranho a falta de cuidado neste aspecto.

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Considerações Finais

Com muito conteúdo por desbloquear a solo, ainda existe todo um paradigma online. Um dos mais interessantes é o Race Creator, em que criamos os próprios eventos, definindo a quantidade de voltas, condições meteorológicas ou o tipo de veículos e podemos desafiar outros jogadores online.

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Grid Legends, sem sair muito daquilo que foi feito em 2019, é como um automóvel que segue na lista de pista, confiante na conquista de um troféu e embora não seja dominante, com um pouco mais de afinações no motor, pode chegar a novas alturas.


+Condução divertida e desafiante
+Imensas pistas, carros e eventos por desbloquear
+Efeitos meteorológicos bonitos

-Sistema de colisão fraco
-Discrepância narrativa em Driven to Glory

N.R.: A análise a Grid Legends foi realizada numa PlayStation 5 com acesso a uma cópia do jogo cedida pela Play Next