Judgment

Judgment – Análise

No Oriente, a saga Yakuza é uma autêntica besta no que diz respeito a vendas, seja pelo seu estilo de combate bem conseguido ou pelas muitas horas que estes RPG’s de ação proporcionam a quem os compra. Os jogos têm vindo de forma paulatina a ganhar o seu espaço no outro lado do mundo, e são neste momento muito atraentes para o comum jogador oriental. De forma a diversificar um pouco uma fórmula que se repete já em pelo menos meia dúzia de títulos, surge pela Sega e pela Ryu Ga Gotoku Studio uma remistura em Judgment, que combina o lado abrasivo e espampanante de todos os jogos Yakuza, com a delicadeza fria da investigação criminal e da trama pesada do vários lados da lei.

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Mas será que Judgment tem o que necessita para se descolar do sucesso original que os jogos Yakuza representam? Ou estamos aqui a falar de mais um caso de “cheira a Yakuza, sabe a Yakuza, parece Yakuza… Então é Yakuza!”? Esta análise vai comprovar, baseada em factos indesmentíveis e provas corroboráveis, de que a primeira opção é a correta. É tudo, senhores juízes/leitores. Passemos ao julgamento de Judgement!

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Yakuza VS. Ace Attorney?

Com o lançamento para a Playstation 4 em 2019, Judgment parecia ser apenas mais uma obra coxa que se apoiava totalmente na muleta Yakuza. As semelhanças estão à vista de todos: na forma de se jogar, nos visuais, no modo de combate exagerado e louco. Mas aqui acaba aquilo que os une e começa o que os separa: uma densa narrativa sobre o lado cinzento da lei, onde nem tudo é preto ou branco e que, por vezes, para pode fazer o bem, há que usar o mal.

Densas explorações de cenas de crimes, procura de pistas, interrogatórios, perseguições a alta velocidade e de forma encoberta e buscas de provas em personagens sombrias é o que se espera  deste anti-herói do seu nome Takayuki Yagami, ex-advogado de defesa caído em desgraça, após promover a absolvição de um assassino que volta a matar. Yagami vive agora pouco glamorosa de detetive privado, sendo forçado a fazer o trabalho sujo dos seus outrora colegas. Se pagarem, Yagami estará lá para ajudar, sem julgamentos morais. Apenas o dinheiro parece motivá-lo. Parece, porque o envolvimento com tais personagens parece levá-lo num caminho de estranha redenção por um passado demasiado penoso para esquecer, mas que possa atenuar o sofrimento que causou aos que morrem às mãos do homem que ele defendeu e a ele própria.

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Judgment tem carradas de momentos onde o certo não é certo e o errado faz sentido. Esta  história de crime, punição e redenção contempla em si o melhor do que se viu em storytelling, começando devagar, unindo uma ponta à outra, até que no seu glorioso e demorado fim, tudo parece fazer sentido… Ou não. A comparação com a saga original Yakuza é justa, mas não define esta obra.

Kamurocho brilha com vida e escurece com morte…

Visualmente, Judgment é um regalo para os olhos. Da vida que irradia de todos os edifícios, lojas, pequenos cafés, até ao mais simples NPC que parece ter sempre algo de inútil e divertido para dizer, tudo simula na perfeição o movimento que este distrito deve ter na realidade. As personagens que estão envolvidas na trama estão muito bem representadas, com a potência da PS5 a dar aqui uma preciosa ajuda, bem como no carregamento de novas partes do distrito e até nos quase imediatos tempos de carregamento de um novo jogo.  Incrível como um jogo que apresenta uma história que se desenvolve de forma lenta se apresenta de rápido acesso.

Há o humor característico da série, seja nas interações com os protagonistas de casos secundários, que nos levam a seguir uma jovem e o seu amante bem mais velho, a um emotivo campeonato de corridas de drones ou até a procura incessante de gatos. Muitos gatos. Demasiados gatos.

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Este é um dos aspetos mais positivos de Judgment: pode-se explorar a cidade, ir pelo caminho principal da história ou simplesmente interagir com o mundo garrido e sombrio em partes iguais e ver onde esse caminho leva o jogador.

O jogo dá a possibilidade de quem joga se perder na aventura, de lutar com inúmeros grupos aleatórios de mauzões que o perseguem por meia cidade, de descobrir um luxuoso casino por baixo de um sítio deprimente onde podemos ir pescar carpas koi, descobrir o amor no meio de presentes comprados, redescobrir velhos jogos arcade, jogos no jogo que levam o jogador para outros tempos eternos de dominância da Sega… E isto não descreve metade do que se pode fazer. Kamurocho é uma ostra por abrir para o jogador e pode fazê-lo como e quando quiser. 

Considerações finais

 O bom de Judgment é que tem certamente algo que vai apelar a mais do que um perfil geral de jogador. Fã de mistérios e de dissecar pequenas provas? Tem muito disso. Prefere o combate com golpes loucos? Há aqui muito disso. Elementos RPG. Check. Quick Time Events? Há, e bem divertidos, seja nos combates ou em perseguições pelas ruas de Kamurocho. História que se liga e desliga em pontas soltas que se atam mais cedo ou mais tarde? Há muito diálogo para consumir.

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Conjunto de personagens bem conseguidas? Sim, quase todas, e com narração em japonês incrível. 70 horas de campanha? Sim, dá até para esticar até às 100 se for para platinar. Como se pode ver, Judgment tem tudo. O problema é que o seu irmão mais velho, Yakuza, também tem quase tudo isto. E há quem possa não considerá-lo um membro distinto da família, mas sim um clone desavergonhado.

Seja qual for a opinião, Judgment é claramente umas das melhores experiências do ano na ainda pouco explorada PS5, com visuais incríveis que já permitem vislumbrar o que poderá aí vir num futuro que esperamos seja célere a chegar.

Judgment dá-nos uma história lenta e intrincada, com elementos de detetive noir, com um combate exagerado. Mais Yakuza, mas com nova roupagem e personagens. Fórmula vencedora, caso encerrado!

+ Visualmente incrível, com imenso para fazer

+ Combate impressionante e variado

+ História bem conseguida que prende o jogador

– Sem forma de ter acesso ao save da PS4

– Mesmo sendo um spin-off, é muito semelhante à saga Yakuza

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N.R.: A análise a Judgment foi realizada numa Playstation 5 com uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela Play & Game.

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