Arcane – Uma das melhores no mundo da animação

O mundo de League of Leagends [LoL] sempre me intrigou, mas nunca tinha pegado no MOBA por isso mesmo, por ser um MOBA. Mas a Riot pensou em mim, e em muitos outros, que sem pegarem no jogo continuavam a ter interesse por todas as histórias que ali aconteciam e produziu Arcane, uma história que é vivida no mundo de LoL e que nos leva a melhor perceber as divisões entre Piltover e Zaun.

Produzida pela Riot e pelo estudio frânces Fortiche, Arcane mostra-nos, num primeiro plano, a história entre duas irmãs, Vi e Powder. No entanto, Arcane mostra-nos muito mais que isso, mostra-nos as relações entre as pessoas dentro de uma mesma classe, as diferenças entre classes e a forma como os que estão no topo dessas classes têm dificuldade em aceitar o que apenas querem um pouco mais de igualdade.

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Arcane é um misto de emoções que, para além de batalhas por causas, mostra-nos uma muito mais importante: a batalha que é conseguir encontrar-mo-nos quando o mundo parece virado ao contrário.

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Com o passar dos episódios, mas principalmente dos actos, Arcane vai crescendo. A série, lado a lado com as personagens que nos mostra, vai tornando-se mais madura, mais consciente daquilo que é e para onde quer ir. Se parte do primeiro acto (cada acto é composto por três episódios) é de uma ternura sem igual, onde ficamos a conhecer as personagens, as suas lutas e as suas paixões, os acontecimentos que se seguem viram o mundo e as personagens ao contrário e a história dá-nos um murro no estômago e quase que nos obriga a parar por alguns momentos. Reflectir, e só depois continuar.

A história que nos é contada está construida, e bem construida, de forma a fazer isto mesmo. De forma a nos mostrar pequenas sombras daquilo que está para acontecer, mas sem nunca nos preparar para aquilo que vamos presenciar. Em Arcane, do início ao fim, está tudo pensado ao mais pequeno detalhe: a forma como a narrativa nos é apresentada, a sua edição, a banda sonora, os movimentos de cada uma das personagens e um excelente, fenomenal até, voice acting.

Arcane cresce e torna-se negra, pesada. Pesada o suficiente para no fim de cada episódio ficar colado ao ecrã sem muito para dizer, com o cérebro a ferver de pensamentos e o resto do corpo a querer deitar para fora tudo o que é emoção.

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Para além das lutas no poder e pelo poder, Aracane mostra-nos também as lutas individuais, na verdade, leva-nos numa viagem alucinante pela vida de alguém com doenças mentais. E se a personagem em questão ao início parecia só alguém que ainda se estava a descobrir, ao olhar com atenção conseguimos perceber que, na verdade, estamos a olha para além que necessita de validação a cada passo que dá, alguém que precisa de ter uma figura heroica a quem se agarrar. E se alguns actos podem parecer de rebeldia, de traição, na verdade, são apenas actos normais de alguém que não consegue distinguir o certo do errado e que no fim do dia só quer fazer uma coisa: ajudar quem olha por ela.

Ela. O mundo de Arcane está cheio de mulheres com poder, mesmo quando estão na segunda linha da narrativa. Para além das duas irmãs, Vi e Jinx, encontramos ainda personagens como Caitlyn, que quer acreditar que está na posição que está por nascer onde nasceu e luta para provar a tudo e todos que é mais que a filha de alguém, passando de uma personagem que depressa passava despercebida a um dos principais focos no ecrã.

Mas digo mais, se no topo do Council sempre esteve alguém do sexo masculino, algumas mudanças fazem com que depressa se sinta que, na verdade, é uma mulher que consegue tomar as decisões e mexer o que precisa de ser mexido nos bastidores para manter a cidade a funcionar. E se em Piltover era assim, na undercity não é diferente. Silco pode estar lá como figura de poder, mas é fácil de perceber que os seus actos são tomados por causa d’ela (estou a tentar evitar spoilers) e a sua vida sempre esteve nas mãos de Sevika.

Por fim, Arcane mostra-nos muito mais que guerras por poder. Arcane parece-me ser o início de algo muito maior, algo ainda para vir. Há ainda muito para aprender sobre as personagens que lhe dão vida e pelas cidades para além de Piltover.

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Sejam ou não fãs de LoL, arranjem um pouco do vosso tempo para ver Arcane. São 9 episódios com uma excelente direção artística, uma edição fenomenal, uma banda sonora que encaixa em cada momento, mas acima de tudo são 9 episódios que nos conseguem transportar por todos os tipos de emoções que podem imaginar. Arcane é, sem dúvida alguma, aquilo que a Riot precisava.

André Oliveira Santos: Licenciado em comunicação, a trabalhar em fotografia. Sempre tive um gosto especial e uma grande paixão por gadgets, videojogos e novas tecnologias no geral.
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