BQ Aquaris X Pro: Diferenças que compensam

Quando demos a conhecer pela primeira vez os novos smartphones da marca espanhola BQ, os Aquaris X e Aquaris X Pro, chamámos logo a atenção para as fortes semelhanças que existem entre os dispositivos. Além de parecidos no aspeto, partilhavam entre si quase todas as especificações técnicas.

Mas também como dissemos na altura, existem algumas diferenças que acabam por resultar não só na existência de dois equipamentos distintos, como em equipamentos que têm preços diferentes. A questão que se colocava era: justificam-se os 370 euros pedidos pelo Aquaris X Pro tendo em conta os 280 euros do Aquaris X? É que ainda por cima o BQ Aquaris X revelou-se um smartphone bastante sólido.

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Para esta análise partimos de um ponto diferente: em vez de analisarmos de raiz todo o smartphone, vamos focar-nos acima de tudo nas diferenças palpáveis que sentimos entre os equipamentos. Acreditamos que esta é a abordagem que melhor irá servir os potenciais interessados nos dois smartphones da marca espanhola.

Fotografia

É a área na qual os smartphones são diferentes e na qual sentimos maior discrepância entre os equipamentos. Este é aliás um bom exemplo que pode ajudar muitas pessoas a perceberem, de uma vez por todas, o mito que existe em torno do número de megapíxeis das câmaras dos smartphones.

O Aquaris X tem um sensor de 16 megapíxeis e como dissemos, capta imagens com bom detalhe e consegue garantir uma utilização razoável em ambientes de baixa luminosidade. Já o Aquaris X Pro tem um sensor de 12 megapíxeis. Resultado? As fotografias do Aquaris X Pro são consideravelmente melhores do que as fotografias do Aquaris X.

O diretor da BQ, Rodrigo del Prado, bem tinha prometido que estes seriam os melhores equipamentos da empresa na área da fotografia – e cumpriu. O Aquaris X Pro entrega imagens com maior detalhe, melhor iluminação, mas acima de tudo queremos destacar os melhores contrastes conseguidos pelo sensor do smartphone. É possível ver nas fotografias mais tons cinzentos e melhores recortes gerais entre os elementos, o que tem um impacto positivo no resultado final.

Também ao nível das cores sentimos uma maior fidelidade relativamente ao ‘mundo real’, com o dispositivo a apresentar uma boa paleta de tons.

Em ambientes de iluminação artificial também notamos melhorias, uma vez mais, nos contrastes e na informação das cores. Já em ambiente noturno as fotografias não surpreendem, mas apresentam uma qualidade que cumpre.

As imagens podem ser vistas na sua qualidade original nos seguintes links: 1; 2; 3; 4; 5;

Apesar de a BQ estar agora bem lançada na área da fotografia para futuros dispositivos móveis, continua a haver aspetos que a empresa precisa de corrigir. Mantemos a nossa opinião relativamente ao interface da câmara: pouco apelativo e pouco moderno. É simples, não negamos esse facto, mas é uma experiência de software inferior à que é entregue em muitos outros equipamentos de outras marcas.

Consideramos que a velocidade de disparo é demasiado lenta para os padrões exigíveis em 2017 e que os modos HDR e HDR+ por vezes ‘estragam’ as fotos. Claro que o objetivo nestes modos é puxar as cores, mas tivemos resultados em que as cores ficaram demasiado berrantes e demasiado artificiais.

O lado positivo é que estes são elementos que a BQ pode trabalhar através de atualizações de software. A qualidade do sensor está lá e parece-nos adequada para o nível de preço no qual o smartphone se inclui. A experiência fotográfica não está completa, mas só depende da própria empresa espanhola corrigir esta situação.

Qualidade de construção

As linhas de design são as mesmas entre o Aquaris X e o Aquaris X Pro, mas o segundo leva vantagem nos materiais de construção. Enquanto o Aquaris X é construído em plástico baço, o Aquaris X Pro apresenta-se construído em cristal. Cristal estilo Vista Alegre? Não.

O que a BQ fez foi aplicar uma camada de plástico transparente, extremamente polida e que sem dúvida alguma confere ao smartphone um aspeto mais cuidado. Não consideramos que esta seja uma construção premium, mas consideramos que é superior à do Aquaris X.

Há aliás um elemento que vale a pena destacar neste texto. Enquanto testámos o Aquaris X quase não houve comentários ao seu aspeto. Já o Aquaris X Pro atraiu muito mais a atenção das pessoas. Devido ao modelo de cor branca que testámos houve inclusive quem dissesse que o equipamento era parecido com o iPhone.

Estas pessoas não estão enganadas. Apesar de o iPhone atual ser construído em alumínio, o design das curvas e a grelha de som na parte inferior realmente aproxima o Aquaris X Pro do design de muitos smartphones mais caros e que pertencem a outras marcas.

Também aqui temos uma chamada de atenção para fazer. Este material torna o equipamento mais apelativo, mas também faz com que seja muito mais propenso a apanhar riscos. Ao fim de três semanas de utilização normal sem capa – não, não somos daqueles que guardam o smartphone junto às chaves -, são já várias as mazelas que notamos na parte traseira. Os riscos notam-se acima de tudo quando o equipamento está virado para a luz solar. Portanto se gosta de equipamentos imaculados, nesse aspeto o Aquaris X sai a ganhar.

Memória e armazenamento

O Aquaris X Pro tem mais 1GB de memória RAM – 4GB no total – e o dobro do armazenamento – 64GB no total – em comparação com o Aquaris X. Isto faz diferença? Faz.

Sobretudo no papel que a memória RAM desempenha no smartphone, notamos que a experiência de utilização no Aquaris X Pro é mais fluída e mais conseguida. É possível trocar de aplicações de forma rápida, constante e sem qualquer dificuldade.

Se no caso da memória RAM extra existe de facto um impacto na experiência de utilização, já o armazenamento extra não tem, mas poderá vir a ter. Ao fim de vários meses de utilização o armazenamento interno vai ficando mais cheio e vai afetando, pouco a pouco, a velocidade de processos do equipamento. Ter mais armazenamento será sempre mais positivo: por esta razão que acabamos de referir e por representar o dobro do espaço para guardar ficheiros no smartphone.

Leitor de impressões digitais

Este foi um dos aspetos que pensámos que ia ser igual entre os ‘irmãos’ Aquaris X, mas que acabou por revelar-se bem diferente. “O leitor de impressões digitais não é o mais veloz e por vezes não faz a leitura correta”, dissemos relativamente ao leitor biométrico do Aquaris X. Já o do Aquaris X Pro funcionou sem qualquer problema.

Não temos uma justificação para este facto, pois em teoria estamos a falar do mesmo hardware aplicado em dois equipamentos diferentes. Pode ser, tal como no caso da fotografia, falta de otimização de software. Uma outra hipótese está relacionada com a diferente condutividade dos materiais de construção escolhidos para cada equipamento. Não temos provas científicas para apresentar neste sentido, só podemos partilhar a experiência que tivemos no quotidiano.

O que é certo é que também no Aquaris X Pro o leitor de impressões digitais leva vantagem, portanto, retenha mais esta ideia na hora de decidir qual dos dois comprar.

Considerações finais

Os equipamentos entregam experiências de utilização semelhantes. Semelhantes não significa iguais e neste desempate o Aquaris X Pro leva vantagem nas áreas diferenciadoras. Na nossa opinião o Aquaris X Pro é a melhor proposta de valor entre os dois equipamentos, sendo que aqueles 80 euros a mais são perfeitamente justificados.

Tal como já tínhamos apontado no título, este é um daqueles casos em que as diferenças compensam. Ao contrário de outros dispositivos que existem no mercado – onde mais cem euros apenas garantem ou um ecrã maior ou o dobro do armazenamento -, aqui há ganhos a vários níveis.

No geral a experiência é fluída em ambos os equipamentos, ambos aguentam com os jogos mais modernos e ambos estão equipados com a mais recente versão do sistema operativo Android – o que para nós é um grande ponto positivo face à concorrência mais direta.

No final resta dizer que o Aquaris X Pro não só é uma boa proposta de valor relativamente ao Aquaris X, como é uma boa proposta de valor relativamente a todo o mercado de smartphones de gama média. O equipamento é apelativo, garante um bom desempenho e garante também boas perspetivas de utilização a médio prazo.

Teria sido interessante ver a BQ a arriscar um pouco mais neste seu modelo mais ambicioso, como explorar um duplo sensor fotográfico, mas isso provavelmente teria outro custo final. Se procura um fiel companheiro para as tarefas do quotidiano e até para necessidades profissionais, o BQ Aquaris X Pro merece definitivamente a sua consideração.

BQ Aquaris X Pro
Design e construção
8
Ecrã
7
Fotografia
8
Performance
8
Autonomia
8
Software
8
Reader Rating9 Votes
7.7
Construção aprimorada
Bons registos fotográficos
Experiência bastante fluída
Software de fotografia
Ganha bastantes riscos
Brilho máximo do ecrã
7.8
EM 10
Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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