Playlink PS4

Como três jogos do PlayLink trouxeram diversão, convívio e também algum drama ao Natal lá em casa

Luzes coloridas, presépio, bacalhau, peru, prendas, rabanadas e videojogos – tudo elementos típicos da celebração natalícia. Esta época é ideal para reunir a família e amigos, e foi neste espírito de união que o meu Natal acabou por ter uma dose de karaoke, mistério, crime e alguns dedos apontados às pessoas sentadas ao nosso lado.

Em junho a Sony Interactive Entertainment apresentou o PlayLink, um novo conceito que prometia ser uma nova forma de jogar e de interagir com os videojogos. Neste conceito deixamos o comando tradicional de lado e transformamos o nosso smartphone ou tablet num comando através de uma aplicação móvel. Depois de instalada podemos usar o ecrã tátil ou a câmara para interagirmos com diferentes títulos PlayLink que já estão disponíveis para a PlayStation 4 – atualmente estão disponíveis seis videojogos pensados para este sistema.

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Há de tudo um pouco, desde thrillers que nos podem fazer saltar do sofá, até jogos que nos fazem pensar se estamos numa edição familiar do Quem Quer Ser Milionário. Para a minha véspera e dia de Natal escolhi três destes títulos, reuni a família em torno do televisor e com o baralho de cartas arrumado na gaveta conseguimos passar por momentos de diversão e também de algum drama.

SINGSTAR – Karaoke competitivo

Não é propriamente o jogo com mais fãs, pois é preciso ter uma de duas coisas para jogar Singstar: ou sabe cantar ou, se não sabe, convém ser bastante desinibido, caso contrário vai passar o jogo a trautear músicas e a sua pontuação final vai ser digna de um disco riscado.

Não quer gastar dinheiro nos microfones para jogar SingStar? Não se preocupe, é aqui que a tecnologia PlayLink entra em ação – o seu telemóvel ou tablet vai ser o microfone de jogo. Não é a mesma coisa? Não… Mas cumpre bem a tarefa e evita investimentos extra, pois atualmente quase todas as pessoas têm um smartphone no bolso.

SingStar está disponível para download gratuito na PlayStation Store, mas terá sempre que comprar as músicas que mais lhe agradam para ter acesso às faixas completas, pois o jogo apenas traz algumas versões de demonstração que não passam de alguns segundos. Cada música vai custar cerca de 1,5 euros e fica depois disponível na sua biblioteca para quando quiser voltar a cantar.

No caso de ser um verdadeiro fã das músicas mais populares da atualidade e de não virar a cara a clássicos da música pop como Oops!…I Did It Again, de Britney Spears, ou algo mais recente como Wonderwall, dos Oasis, pode sempre optar pela versão que testei, a SingStar Celebration. Por cerca de 15 euros vai ter acesso a uma lista de 30 músicas prontas a serem cantadas.

SingStar é um daqueles títulos que tanto pode jogar sozinho como acompanhado e neste caso fi-lo bem acompanhado. Duas equipas de duas pessoas onde jogámos em modo competitivo, passámos por batalhas 1v1 onde tivemos que cantar uma música completa contra um elemento da equipa adversária e ainda 2v2 onde temos que ir passando o microfone num verdadeiro medley de música pop. Caso seja uma alma mais romântica também pode optar por um dueto, escolha a sua música preferida e lance-se à aventura.

Independentemente do formato, SingStar vai trazer-lhe momentos de boa disposição, mesmo para aqueles em quem a voz não é o melhor atributo.

És Tu! – Na verdade são todos 

Certamente um dos títulos mais divertidos de todos os disponíveis dentro da gama PlayLink. Aqui a verdadeira estrela és tu… Bem, na prática és tu, o teu smartphone e todos à tua volta.

O título da Wish Studios para a PlayStation 4 é pensado para jogar em grupo, suporta entre dois a seis jogadores e este é daqueles casos em que ‘quantos mais, melhor’. Em És Tu! o objectivo é simples: ganha quem conhecer melhor as pessoas que estão à sua volta.

Por aqui juntámos cinco pessoas e partimos à aventura por mais um título PlayLink. Num jogo bastante competitivo com mais de mil questões é difícil ficar aborrecido, mesmo que jogue algumas vezes seguidas. O modo de jogo é sempre o mesmo, divido em quatro rondas principais em que cada uma delas está focada num jogador numa primeira fase e mais tarde no grupo em geral. É preciso conhecer bem quem nos rodeia para, por exemplo, podermos desenhar com toda a certeza o que é que um deles esconderia no seu cacifo da escola ou para descobrir quem seria aquele rir-se-ia de uma piada seca de um dos professores.

O esquema de pontuação é bastante simples: se duas pessoas derem a mesma resposta ganham cada uma 200 pontos, se três pessoas derem a mesma resposta ganham 300 pontos, seguindo sempre este formato. É ainda possível duplicar os pontos, para isso terá de usar um dos seus jokers que vai acumular ao longo do jogo. Se usar um joker e mais ninguém der a mesma resposta, perde o joker e ganha zero pontos.

No fim das quatro rondas principais temos uma última ronda, na qual cada um dos jogadores tem que tirar uma selfie que depois é passada de forma aleatória entre todos os outros jogadores para desenharem algo na selfie. No fim escolhe-se o desenho preferido e o modo de pontuação mantém-se, quantas mais pessoas escolherem a mesma imagem que você escolheu, mais pontos ganha.

Ao longo do jogo temos um narrador que vai fazendo as perguntas e também vai comentando as pontuações: caso esteja no topo prepare-se para algumas palavras de apoio, mas não se deixe desencorajar pelas palavras menos simpáticas se a sua pontuação for das piores no grupo.

Sem dúvida alguma um título que vai trazer momentos de boa disposição àquela reunião familiar ou àquela noite com amigos. Disponível para download na PlayStation Store por 20 euros, És Tu! é gratuito para os assinantes do serviço PlayStation Plus.

Hidden Agenda – Que drama! 

O título da Supermassive Games para a PlayStation 4 foi, de todos os que experimentámos, o que mais deixou os nervos à flor da pele ou não fosse esta uma narrativa dramática.

Em Hidden Agenda fazemos parte de uma investigação para descobrir quem é um assassino em série que armadilha as suas vítimas por forma a causar ainda mais destruição quando os primeiros socorros chegam ao local do acidente. Há um suspeito detido e que está apenas a 48 horas de ser executado – mas será ele o verdadeiro assassino? Durante o jogo dividimos o nosso tempo entre duas das personagens, a detetive Becky Marnie e a advogada de acusação Felicity Graves.

Ao bom estilo de Until Dawn, outro título da Supermassive Games, todas as nossas decisões vão afetar o rumo da história e até mesmo a sobrevivência de algumas personagens. A grande diferença em Hidden Agenda é que mais uma vez deixamos o comando de lado e agarramo-nos ao telemóvel para fazer as nossas escolhas, descobrir pistas ou mesmo conduzir interrogatórios.

Existem dois modos de jogo em Hidden Agenda. Um modo mais relaxado com momentos cinematográficos mais extensos e onde o principal objectivo, esteja a jogar sozinho ou em grupo, é apanhar o verdadeiro assassino que poderá ainda estar à solta. Durante este modo de jogo, caso esteja a jogar em grupo, vai responder a perguntas como “Quem é o mais calmo sob pressão?” ou mesmo “Quem é o mais honesto?” – nestes casos o jogador escolhido tem poder de decisão sobre o rumo a seguir. Quando estas perguntas não são feitas a regra é simples, o rumo da história que reunir maior consenso entre os jogadores é o que vai ser seguido, havendo ainda espaço para decisões em que todos têm de estar em acordo. Prepare-se por isso para alguma discussão – pacífica, divertida e também daquela mais ‘quentinha’.

O segundo modo de jogo é mais competitivo, no qual a história é a mesma embora possa seguir rumos diferentes. Aqui a grande diferença é que cada jogador vai ter os seus próprios objectivos,  seja atrapalhar a investigação ou ajudar a detetive a preparar-se para convencer as pessoas à sua volta sobre qual o melhor caminho a seguir.

Mesmo que não seja muito persuasivo não se preocupe, ao longo do jogo vai ganhar cartas de decisão ao descobrir provas ou ao completar certos desafios. Quando jogar estas cartas, vai fazer com que possa escolher o rumo a seguir e conseguir completar o seu objetivo, mas cuidado pois nada impede outro jogador de lançar uma carta de decisão por cima da sua e tomar ele a decisão.

Em Hidden Agenda experimentámos ambos os modos de jogo e sempre com um grupo de cinco pessoas. Das duas vezes que jogámos a história seguiu sempre rumos diferentes e certamente seguiriam outro rumo da próxima vez que tentássemos descobrir o verdadeiro assassino. Dizemos isto porque em ambos os casos ficámos com a sensação de que o nosso trabalho não ficou totalmente completo.

Para finalizar gostava de lhe deixar dois conselhos: veja os créditos de cada narrativa até ao fim e jogue primeiro o modo história, pois caso comece pelo modo competitivo a emoção do modo história não vai ser a mesma.

Considerações finais

Ao testarmos três dos seis jogos disponíveis na gama PlayLink apercebemo-nos que são jogos que têm de facto o poder de aproximar as pessoas – algo que é positivo numa indústria que muitas vezes é acusada de isolar o jogador. Neste caso, mesmo com o auxílio daquele que é o gadget que mais acusado de provocar isolamento social, o smartphone, a união está garantida.

Acredito que o PlayLink também foi criado um pouco neste sentido: não só facilitar o acesso aos videojogos por meio de um acessório que é bastante comum, como recuperar o espírito dos momentos em que se jogava com mais pessoas, pois as plataformas online ainda não eram uma realidade. Cada um dos títulos PlayLink é diferente à sua maneira, mas todos conseguem fazer com que as pessoas naquela sala se sintam mais próximas, se riam em conjunto e até que se fiquem a conhecer melhor.

Ficaram por testar três títulos já disponíveis, Planet of the Apes: Last Frontier, Saber é Poder e Frantics. Se já jogou algum destes títulos, diga-nos nos comentários qual é a sua opinião.

 

A Sony Interactive Entertainment está de parabéns por ter criado desde o primeiro momento experiências PlayLink que são desafiantes e divertidas. Resta saber se o conceito de juntar várias pessoas em torno da consola consegue ser apelativo o suficiente para garantir vitalidade ao conceito de ‘smartphone como comando’. O PlayLink tem tudo para ter um futuro positivo, mas isso também vai depender muito dos novos jogos que a Sony lançar para este formato.

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