Netflix Portugal

Parabéns Netflix. Como foi esse primeiro ano em Portugal?

21 de outubro de 2015. Chegava ao fim um período de semanas de frenesim. E não era para menos: um dos serviços digitais mais falados do mundo, o Netflix, ia estrear em Portugal. A empresa norte-americana definiu desde o início o seu objetivo para o mercado português: em sete anos querer estar em 33% das casas, justamente tal como aconteceu no seu primeiro mercado, os EUA. Já ‘só’ restam seis para concretizar o objetivo.

Hoje a Netflix celebra o seu primeiro ano em Portugal e a grande questão que se coloca é: como está a responder o mercado português ao mais popular serviço de distribuição de séries e filmes do mundo?




Do lado do Netflix não existem dados oficiais para partilhar. A tecnológica tem por política não divulgar os dados locais de audiências ou o catálogo disponível em cada país, havendo apenas dados globais.

A nível global sabemos que a Netflix vai bem e recomenda-se: 86,7 milhões de subscritores em mais de 190 países. A empresa conseguiu no terceiro trimestre de 2016 passar pela primeira vez os dois mil milhões de dólares de receita.

A questão é que estes valores continuam sem responder à questão do mercado português.

Um indicador público para o qual podemos olhar é para a atual posição do Netflix no ranking das aplicações mais descarregadas no Android e no iOS, os dois sistemas operativos mais populares.

À hora de publicação deste artigo o Netflix encontra-se na 116ª posição no top das apps gratuitas mais descarregadas, ocupando o lugar 288 no ranking das aplicações mais rentáveis em Portugal. Já no iOS ocupa a 95ª posição no ranking das aplicações gratuitas mais descarregadas, mas por outro lado está na 6ª posição das aplicações mais rentáveis.

Este é meramente um indicador da popularidade atual da aplicação nas duas lojas. Por exemplo, pode significar que em Portugal a maior parte das pessoas interessadas já descarregou a aplicação logo no início, altura em que a app chegou a figurar no top 10 das lojas de aplicações, e que agora o volume de downloads baixou. Por outro lado o facto de neste momento não estar com melhores posições significa que neste momento não está a ser popular junto dos consumidores portugueses.

Já a conjugação com os dados da rentabilidade ajudam a ter uma ideia das taxas de conversão que a empresa consegue. Recorda-se que o primeiro mês de Netflix é gratuito para todos os novos utilizadores.

Neste aspeto das aplicações há a considerar que o Netflix é uma dos serviços mais abrangentes do mercado, estando disponível em vários sistemas como consolas de videojogos, televisores inteligentes e também nas boxes de todos os subscritores do serviço de televisão da Vodafone – o que pode ter um impacto direto no número de downloads nas lojas de apps móveis.

Há no entanto um aspeto onde o Netflix melhorou e bem no que diz respeito a Portugal. O catálogo limitado de conteúdos foi uma dos elementos mais vezes destacado no período de lançamento. A empresa tinha dito que isto fazia parte da sua estratégia pois ajudaria a perceber quais as preferências do mercado, dados que serviriam para reforçar o catálogo no espaço de um ano.

No dia 23 de outubro de 2015 a Netflix tinha, de acordo com a empresa Uno Telly, 539 conteúdos entre filmes, documentários e séries. Agora o número de conteúdos disponíveis é de 1834: 1464 filmes, 370 séries, dados da Unogs.

Neste campo a Netflix mais do que cumpriu a sua promessa. No segmento dos conteúdos há ainda a destacar o facto de a empresa ter disponibilizado recentemente o seu primeiro conteúdo original produzido em Portugal, feito em parceria com o humorista Salvador Martinha.Netflix Salvador MartinhaEste é o estado da situação do Netflix em Portugal. Há dois elementos a reter: o serviço não é atualmente uma das aplicações em tendência no mercado português, mas os dispositivos móveis só representam parte da realidade da abrangência no número de utilizadores; e o catálogo de conteúdos triplicou desde o lançamento, o que acaba por ser melhor do que as próprias expectativas da empresa.

Talvez o interesse pelo serviço de distribuição de filmes e séries por streaming volte a disparar caso se venha a confirmar uma das funcionalidades mais faladas: possibilidade de ver o Netflix sem ligação à internet.

Por fim vale a pena salientar que Portugal sempre se perfilou como um mercado mais competitivo para um serviço como o Netflix devido à alta taxa de penetração dos pacotes de televisão no país – mais de 80% das famílias têm um pacote triple play, de acordo com dados da ANACOM – e também devido à existência de canais pay per view com conteúdos exclusivos.

A resposta mais direta que existe em Portugal em termos de proposta relativamente ao Netflix é da NOS, mas a operadora de telecomunicações também não revela dados de utilizadores.