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Huawei P9 Plus: O dragão chinês

Estive lá, em Paris, no dia 7 de maio de 2014. Essa é para mim a data que marca a viragem da Huawei como fabricante de dispositivos móveis. Melhor: marca finalmente a posição da Huawei como uma referência no mercado dos smartphones. O Huawei P7 era muito diferente dos restantes smartphones que tinham sido fabricados pela empresa até então, mas continuava uns furos abaixo dos grandes topos de gama.

Passados apenas dois anos a tecnológica chinesa consegue criar um Huawei P9 Plus que faz os utilizadores duvidarem se é este o modelo que devem levar, se o Galaxy S7, se o LG G5 ou se o iPhone 6s Plus. Tem quase todas as características de um topo de gama, incluindo um elemento extravagante.



Podemos começar justamente por aqui. O elemento que coloca o Huawei P9 Plus – e também o Huawei P9 – à parte da concorrência é o duplo sensor fotográfico na parte traseira. Não é o primeiro smartphone a ter, na prática, duas câmaras fotográficas – o LG G5 também as tem -, mas o que elas fazem é totalmente diferente.

Já tínhamos explicado com mais detalhe que o sensor extra está responsável pela captação de fotografias a preto e branco. E que fotografias (!). O detalhe que este sensor consegue captar faz de facto a diferença em termos de qualidade fotográfica. Mesmo a mais simples das imagens ganha um aspeto mais artístico, mais dramático se é que o podemos colocar desta maneira. Foram poucas as pessoas que ficaram indiferentes às imagens a preto e branco que lhes fui mostrando.

É de facto uma adição valiosa ao smartphone e que lhe confere um valor extra. A definição do sensor monocromático é depois transposta para as fotografias a cores que são captadas usando os dois sensores em simultâneo. Bom trabalho de cores, boa sensibilidade em condições de menor luminosidade e bom recorte dos elementos são características asseguradas.

Apesar da grande qualidade mostrada pelo Huawei P9 Plus, tanto o Galaxy S7 como o LG G5 apresentam resultados gerais com melhor qualidade, ainda que a diferença não seja grande – aliás, de modelo para modelo a Huawei tem encurtado a diferença para os líderes de mercado.

Uma última referência positiva na área da fotografia à aplicação que a Huawei desenvolveu. Está carregada de funcionalidades, permite um controlo manual das definições de captação de imagem e está bem arrumada em termos de experiência de utilização. Ou seja, tanto é capaz de servir o utilizador menos versado, como certamente será valorizado por aqueles que já têm maior experiência no segmento da fotografia.

Nas restantes características o Huawei P9 Plus também convence.

A construção em alumínio ‘encerado’ – parece que há uma camada por cima do metal que lhe dá um brilho extra – e as linhas curvadas do equipamento conferem-lhe um aspeto coeso. Esta boa unificação do design garante ao smartphone um perfil de grande qualidade. Ao toque pode ser um pouco mais pesado do que aquilo que seria de esperar e batendo na parte traseira ficamos com a sensação de que não é tão compacto como aparenta. Ainda assim tem toques refinados como o botão de energia texturizado e cobreado.

O desempenho é típico de um topo de gama ou não estivesse equipado com o processador Kirin 955, um chip de oito núcleos e com uma grande capacidade de ‘triturar’ todas as tarefas que lhe são colocadas. A experiência de utilização foi sempre rápida, fluída e sem engasgos. Jogos como Asphalt 8, King of Thieves, Dots & Co, Big Hunter e Final Fantasy Brave Exvyus são executados na perfeição, mas os testes de benchmark dizem que do ponto de vista gráfico o Huawei P9 Plus está abaixo do Galaxy S7 por exemplo.

O Huawei P9 Plus custa 749 euros, o Huawei P9 tem um preço de 599 euros

O ecrã de 5,5 polegadas – o do Huawei P9 é de 5,2′ – também é de boa qualidade e destaca-se pelo facto de garantir uma boa definição de conteúdos mesmo não tendo uma resolução tão elevada como a concorrência mais direta – fica-se pelo painel Full HD quando os rivais já estão nos QuadHD, isto é, 2.560×1.440 píxeis. Ainda assim a experiência de visualização não sai de todo prejudicada. O brilho é um dos elementos mais notórios deste ecrã, assim como a reprodução muito fiel dos pretos que dá uma outra profundidade aos conteúdos.

Mas o ecrã é o próximo elemento que a Huawei precisa de fazer evoluir no seu futuro topo de gama se quiser ombrear com os restantes topo de gama Android, pois nas restantes especificações já atingiu um estado de maturidade muito acima da média.

Na autonomia – satisfatória, para mais do que um dia – e na qualidade sonora – o altifalante estéreo faz de facto a diferença – o Huawei P9 Plus surge à frente da concorrência mais direta. A bateria de 3.500 mAh é muito generosa e os graves emitidos pelo sistema de som até provocam pequenas vibrações na mão.

Mesmo que a boa conjugação de especificações técnicas façam o sistema operativo parecer manteiga, pessoalmente continuo a não ser um fã do EMUI: prefiro a experiência tradicional do Android com as aplicações em ‘gaveta’. É uma escolha que a Huawei tem mantido ao longo dos últimos anos e por isso haverá certamente utilizadores que apreciam bastante. Do ponto de vista pessoal penso que é uma restrição à liberdade que o Android sempre habituou os utilizadores – nada que não seja contornável com a instalação de outro launcher.

Mas tirando a disposição das aplicações, o software não traz grandes acréscimos à experiência do Android no geral. A maior das diferenças é talvez o facto de o software ter sido adaptado para corresponder ao ecrã sensível à pressão do utilizador, mas este é um extra ao qual nem todos os utilizadores vão habituar-se. Quando aplica mais força no toque quando vai abrir as aplicações próprias da tecnológica chinesa, abrem-se uma janela com opções rápidas. Está lá, mas quase não usei.

Ainda relativamente ao software há um outro aspeto que continuo a condenar nos sistemas operativos trabalhados pela Huawei – são demasiado agressivos na gestão energética das aplicações, o que faz com que algumas apps por vezes não enviem as notificações de rotina.

O sensor de impressões digitais é um dos mais rápidos que já experimentámos

Talvez o grande ‘senão’ do P9 Plus seja o seu irmão mais novo, o Huawei P9. Mesmo a versão Plus tendo mais memória RAM – 4GB contra 3GB – e uma maior capacidade de armazenamento – 64GB contra os 32GB base do P9 -, nos pontos que realmente importam os dispositivos são iguais. Isso justifica a diferença de 150 euros que existe no preço?

Se quiser de facto o melhor dos Huawei, então sim, deverá optar pelo P9 Plus. Caso contrário a melhor proposta de valor reside no Huawei P9.



Este Huawei P9 Plus não tem a mesma qualidade de construção do Galaxy S7 e não tem o mesmo factor inovador do LG G5. Também não tem um ecrã tão deslumbrante como estes dois dispositivos. Mas aquela dupla câmara fotográfica, o design geral do equipamento e sobretudo o seu desempenho colocam o P9 Plus entre os grandes do sistema operativo Android.

A melhor parte de todas é que a cada equipamento temos sentido uma evolução notória da Huawei. Este reconhecimento tem sido feito pelos clientes e a empresa já faz parte do top 3 das marcas mais vendidas em Portugal no segmento dos smartphones. Isso deixa excelentes perspetivas para o que aí vem pois finalmente a Samsung e a Apple parecem ter encontrado um rival à altura.

Huawei P9 Plus
Design e construção
8
Ecrã
8
Fotografia
9
Performance
9
Autonomia
9
Software
7
Reader Rating8 Votes
7
Sensor monocromático
Leitor de impressões digitais rapidíssimo
Muito bom desempenho
Ecrã já devia ser QuadHD
Gestão de consumos muito agressiva
Diferença de preço para o P9
8.3
Em 10