Donkey Kong Bananza não é só uma cópia de Mario Odyssey, como muitos pensavam, já que foi produzido pela mesma equipa.
A primeira vez que me iniciei num jogo desta série foi na Super Nintendo em 1994. Donkey Kong Country tinha acabado de sair e ao folhear as revistas que comprava, via as imagens que lá eram publicadas e não conseguia acreditar no que via, um jogo de plataformas (o meu género preferido na altura) e com grafismo impressionante para um jogo de 16 bits.
De seguida vieram as suas sequelas e mais tarde Donkey Kong 64, o primeiro em 3D, mas que não me deixou tão impressionado quanto Banjo Kazooie que tinha o mesmo formato, mas era muito melhor executado, mas há algo neste gorila que a Nintendo acreditava, lançando sempre um jogo para as suas consolas sendo o último original Donkey Kong Tropical Freeze.
Mas, no entanto, algo pode ter mudado recentemente com o lançamento de Donkey Kong Bananza. O primeiro grande título da Nintendo na Switch 2 após Mario Kart World e desde o lançamento foi mais promovido do que quase qualquer outro jogo da Nintendo nos últimos tempos e com razão. Este jogo, salvo alguns poucos detalhes, é uma viagem quase perfeita ao passado enquanto leva a personagem para o futuro.
Quando surgiram os primeiros trailers de Bananza, pensei inicialmente que seria uma repetição de Mario Odyssey, com a Pauline a desempenhar o papel de parceira (e isso para mim era muito bom). Pensei que andaríamos a colecionar bananas e a transformar-nos em diferentes objetos e itens para explorar o mapa, à boa maneira da Nintendo. Depois de jogar o jogo, posso dizer que Bananza traz de volta o sentimento de DK 64 com muitas promessas para o futuro da série, ao mesmo tempo que oferece nostalgia suficiente para que até os fãs mais antigos da família Kong se possam divertir.
Jogamos como o que parece ser uma versão mais jovem do Donkey Kong do que conhecemos no passado. Digo isto porque a Pauline também aparece consideravelmente mais nova neste jogo, e como ela é adulta em Odyssey e Mario Kart World, e podemos assumir que este jogo decorre antes da história de Mario Odyssey. Também parece situar-se depois dos eventos da série Donkey Kong Country, com base em conversas com o Diddy e a Dixie Kong. O único jogo que não sei bem como encaixa é o já mencionado Donkey Kong 64.
A aventura do gorila e sua parceira
Começamos numa mina, e DK está a escavar à procura de bananas quando a Void Company (os principais vilões de Bananza) aparece e causa um caos total no mundo. Após a destruição, DK vê um pedaço de rocha púrpura cair perto. Essa rocha é o verdadeiro ponto de partida da aventura, pois tentamos alcançar o topo para perceber a verdadeira dimensão dos danos causados. A tal rocha acaba por ser revelada como sendo… Pauline, e é o ponto de partida da nossa aventura.
O movimento é extremamente fluído para uma personagem tão “grande”. Apesar de ele “parecer” pesado e forte, isso nunca atrapalha a jogabilidade. Ao saltar de grandes alturas, DK aterra com força no chão. Os socos destroem praticamente tudo no caminho, o que significa que, mesmo que nos percamos, podemos sempre ir à pancada até encontrar algo interessante. Temos também habilidades de rolar para nos deslocarmos rapidamente e combinar uma cambalhota com um murro é bastante poderoso.
Além disso, a velocidade de escalada do DK torna a progressão o mapa um prazer. É um mundo completamente diferente em comparação com Mario Odyssey e Breath of the Wild por exemplo. Dei por mim a explorar novas áreas, a escalar o mais alto possível logo no início só para ver o que me chamava a atenção, analisar as zonas e como lá chegaria e depois decidia onde atacar primeiro.
Um zoológico de Bananzas
A nova funcionalidade de Bananza são os próprios Bananzas, que usam o canto da Pauline e os ritmos de tambor de DK para criar novas versões de DK ao fundir-se com a forma de Kong, Zebra, Avestruz, Cobra e Elefante. Estas transformações fazem o seguinte:
- Kong destrói facilmente e abre caminhos onde os murros normais não chegam.
- Zebra permite correr sobre pisos frágeis e mover-se rapidamente.
- Avestruz permite planar e largar ovos bomba.
- Cobra permite saltos altíssimos.
- Elefante consegue absorver chão, paredes, lava, etc., e transformar tudo em pedras e lançar.
Estas transformações são extremamente divertidas e oferecem muita rejogabilidade, já que podemos voltar a camadas anteriores para completar desafios com as novas habilidades. Zonas inacessíveis no início ficam mais fáceis de chegar com todos os poderes Bananza.
Até ao centro do mundo!
Existem 17 camadas até chegar ao núcleo do planeta e cada uma traz algo novo para explorar. Praias, selvas, mundos gelados e muito mais. Cada uma contém missões secundárias, zonas secretas e muitos colecionáveis. Este jogo é altamente satisfatório, independentemente da direção em que vamos (incluindo para cima e para baixo), vamos encontrar recompensas que faz a exploração valer a pena.
Há imensas missões secundárias em cada nível, como procurar personagens presas, destruir paredes que outras personagens não conseguem, usar as transformações Bananza para aceder a novas zonas através de plataformas, e muito mais. Há sempre algo para fazer, tudo recompensado com bananas que nos permite comprar ou melhorar habilidades.
Bananza foi feito para se jogar tanto em sessões curtas como longas. Tens 30 minutos na pausa do almoço? Dá para completar 1-3 missões secundárias. Tens 45 minutos? Dá para uma missão principal. Joga ao teu ritmo. Se te apressares, acabas em 20 horas. Se formos daqueles jogadores que gosta de completar tudo, com missões secundárias, segredos e ouro, prepara-te para 40-60 horas ou mais (especialmente com o conteúdo end game).
Falando em ouro, é essencial apanhar o máximo possível. O ouro é vital neste jogo e há muito para amealhar. Serve para transformar pedaços de banana em bananas completas, pagar zonas de descanso, comprar itens, reviver após quedas ou perda de corações, e muito mais. Eu avancei rapidamente nos níveis e, ao chegar ao final, quase fiquei sem ouro já que é preciso ter algum ouro poupado para a zona final.
Recolhemos também moedas especiais e fósseis, mais um colecionável que servem para comprar bananas e roupas especiais para os nossos protagonistas, respetivamente. Entre roupas e acessórios, estes dão a DK e Pauline habilidades passivas que ajudam e muito na progressão do jogo.
A dificuldade é relativamente fácil até às quatro últimas camadas. Antes disso, sentir que até os bosses são extremamente fáceis e derrotei-os em menos de um minuto. Aliás, é um jogo direcionado também para crianças. Mas tal como DK64 na altura, nos últimos níveis, a dificuldade sobe bastante, obrigando-nos a usar tudo o que aprendemos até então, principalmente alternar entre as transformações Bananza para chegar ao fim de desafios. Foi também a primeira vez que precisei mesmo de comprar itens, já que antes tudo se encontrava a explorar o ambiente.
Regresso ao passado
Pelo caminho, vamos reencontrar alguns membros da família Kong, embora nem todos estejam de volta. Os regressos mais notáveis incluem o Diddy Kong, a Dixie Kong e o Cranky Kong. E, felizmente, um elemento clássico da série Donkey Kong Country também regressa com um novo toque, uma camada inteira dedicada a corridas de rinoceronte com o Diddy e a Dixie, com elementos especiais.
Aliás, a falta de monotonia é um dos grandes pontos positivos de Donkey Kong Bananza. Cada camada oferece o suficiente para manter tudo novo e interessante. Banjo-Kazooie sempre foi o meu padrão de excelência no género, e Bananza faz isso muito bem, estamos sempre a aprender novas formas de usar os nossos poderes, até ao fim.
Um colírio para os olhos e para os ouvidos
Em termos visuais e gráficos, este jogo foi feito para a Switch 2 e isso nota-se em cada nível. Cada camada é polida e fluída com cores garridas e bem coloridas. As animações de Donkey Kong e de Pauline são excelentes, bem como toda a apresentação no geral.
Os tempos de carregamento são entre 1 a 3 segundos. Fica ótimo tanto em modo portátil como na dock, como se espera de uma consola híbrida como a Switch 2. A única crítica (pequena) que posso apontar é que, quando certos bosses criam muita lama, o carregamento do terreno pode atrasar-se ligeiramente, mas sem impacto nos modelos das personagens. O jogo tem algumas quebras de frame rate, mas nada que impacte a experiência final porque mesmo com toda a destruição que podemos aplicar em cada nível, tá tanta coisa a acontecer que é perdoável alguns problemas técnicos.
Bananza usa a música para muitas funções que, noutros jogos, seriam atribuídas a itens ou mapas. Queres saber para onde ir? Usa o botão LB para assobiar e ver o próximo objetivo. Queres transformar-te? Mantém LB e RB para bater no peito de DK. Precisas de abrir portais do Void? Usa o canto da Pauline. O DK sempre teve uma ligação icónica à música, e Bananza aproveita isso ao máximo.
A banda sonora é também uma grande razão pela qual cada mundo se sente único. A combinação de temas clássicos de jogos anteriores da série Donkey Kong com novas composições para cada local, faz-te sentir que estás sempre a ouvir algo especial. Nos grandes momentos, a orquestra atinge o auge como fã de música de videojogos, esta banda sonora vai para os meus favoritos. Pena que ainda não esteja na aplicação Nintendo Music, mas as músicas dos anteriores estão.
Só tenho pena que só no último nível haja uma surpresa no jogo, um momento tcharam que nos deixe ainda mais embasbacados pelo que está a acontecer no ecrã. Em Mario Odyssey por exemplo, temos vários momentos desses, desde descobrir o T-rex, a chegarmos a New Donk City e entrarmos no famoso nível embalados pela canção Jump Up Super Star, interpretado pela Pauline. Falta mais um ou dois momentos assim no jogo, que consegue no seu final apresentar um grande twist na história.
Considerações finais
Donkey Kong Bananza não é só uma cópia de Mario Odyssey, como muitos pensavam, já que foi produzido pela mesma equipa. Os criadores conseguiram pegar numa personagem icónica, que já merecia um grande jogo e trabalhar bem tudo que a tornaram especial ao longo dos últimos 30 anos. Bananza permite jogar como quisermos (até com outra pessoa, mesmo com jogabilidade limitada), explorando e destruindo cenários até encontrar o maior número de bananas possível. Com foco na música, jogabilidade e ambientes divertidos, Donkey Kong Bananza é um presente para qualquer fã do icónico gorila.

