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Análise Spyro Reignited Trilogy: O dragão está de volta

Em 1996, um pequena empresa de videojogos, Insomniac Games, tinha acabado de lançar o seu primeiro jogo para a Playstation, Disruptor que, apesar de ter sido bastante bem recebido pelos críticos, não teve o sucesso comercial necessário quase levando a empresa à falência. No entanto a editora do jogo, a Universal Interactive Studios, continuou a parceria incentivando a equipa a desenvolver um novo jogo.

Dois anos depois, em 1998, Spyro the Dragon foi apresentado ao mundo e, ao contrário do primeiro jogo da empresa, teve bastante sucesso. Parte desse sucesso deveu-se ao facto do jogo ser diferente da maioria dos jogos da época. O personagem do jogo, um pequeno dragão roxo chamado Spyro, tinha a capacidade de planar dando-lhe a possibilidade de percorrer o mapa inteiro se estivesse numa posição alta o suficiente. Aliado a um vasto mundo cheio de segredos incentivava o jogador a explorar cada polígono do nível.

Logo após o lançamento do jogo a Insomniac começou a trabalhar na sua sequela usando o mesmo estilo de jogo mas tentando desenvolver mais a história e os personagens. O segundo jogo acabaria por sair um ano depois com o título Spyro 2: Ripto’s Rage!. No ano seguinte a empresa lançaria o terceiro jogo da série, Spyro: Year of the Dragon, tentando alterar um pouco mais a fórmula do jogo com uma nova história e tendo agora a possibilidade de jogar com novos personagens.

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Este foi o último jogo Spyro que a Insomniac desenvolveu, tendo a empresa decidido dedicar-se a outros projectos e tendo a propriedade intelectual da serie sido vendida à Activision que, apesar dos seus esforços de criar novos jogos Spyro, nunca tiveram o sucesso dos primeiros três que ficaram sempre nas memórias nostálgicas de quem os jogou. Contudo, em 2011 essa nostalgia foi reavivada com o lançamento do jogo Skylanders: Spyro’s Adventure, desenvolvido pela empresa Toys for Bob. A equipa decidiu utilizar o famoso dragão como forma de tentar reviver algumas franquias que foram desapareceram ao longo do tempo. Apesar do jogo ter sido bem recebido, alguns fãs mostraram o seu desejo em ter o Spyro original de volta.

Spyro Reignited Trilogy, lançado em Novembro de 2018, é o resultado desses desejos, composto pelos três primeiros jogos remasterizados.

As libelinhas comem mesmo borboletas?

Os três jogos partilham a mesma base de jogabilidade e estrutura de níveis. Em todos eles existem níveis principais que funcionam como um mapa central com diversos portais para outros níveis. Tanto nos níveis principais como nos níveis secundários existem diversos colecionáveis, alguns necessários para continuar a história e outros opcionais, feitos para aqueles jogadores que adoram explorar cada canto do mundo. Um verdadeiro sonho para completistas.

Apesar da base ser a mesma, existem pequenas alterações nas habilidades do pequeno dragão em cada um dos jogos, reflexo da evolução dos jogos originais. No primeiro jogo o Spyro pode correr e saltar alegremente pelo mapa, cuspir fogo, dar cabeçadas e ainda planar durante um curto período de tempo.

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No segundo jogo, o Spyro mantém as mesmas habilidades tendo havido uma evolução no planar, sendo possível dar um breve salto no final do voo. Apesar de não parecer uma alteração significativa, isto permite criar desafios extra onde o jogador terá de ter reflexos bastante precisos para conseguir saltar de uma plataforma para a outra. Adicionalmente, neste jogo o Spyro tem a possibilidade de gastar as gemas preciosas que foi apanhando pelo caminho para aprender novas técnicas como nadar debaixo de água ou subir paredes o que permite aceder a novas zonas do mundo e descobrir outros tesouros escondidos.

No último jogo, para além das mecânicas introduzidas nos jogos anteriores existe ainda a possibilidade de jogarmos alguns níveis com outros personagens que ficam disponíveis conforme os formos salvando pelo mapa. Cada um desses personagens tem o seu conjunto de habilidades, essenciais para passar o nível específico, como por exemplo os saltos gigantes da canguru Sheila. Isto permite ter níveis mais diversificados onde o jogador terá de pensar de maneira diferente para os conseguir passar.

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Para além dos níveis exploratórios, os três jogos tem alguns níveis de desafio, geralmente compostos por mini-jogos onde, por exemplo, é necessário voar pelo meio de montanhas para se apanhar tesouros. Estes níveis não necessários para progredir na história são um óptimo desafio para aqueles que se sentem mais capazes ou para os que querem completar o jogo na sua totalidade.

A interface dos jogos segue uma filosofia bastante minimalista. A pouca informação relevante está geralmente escondida, sendo apresentada quando necessária mas desaparecendo logo de seguida. Existe ainda um mini-mapa, desativado por defeito, que não se encontrava presente nos jogos originais. No entanto, o jogador poderá ativar o mapa se assim o desejar. Este torna-se bastante útil quando se pretende garantir que não nos faltou nenhum bocado de terreno para explorar.

Este minimalismo na interface ajuda a desenvolver soluções muito interessantes como o indicador de vida do Spyro. É aqui que entra o nosso amigo Sparx a libelinha.

Este companheiro protege o Spyro, sofrendo ele o dano e alterando a sua cor com base no número de vezes que consegue proteger o Spyro. A cor dourada indica que consegue proteger o pequeno dragão de três danos, azul indica dois danos e verde um dano. Após isso o Sparx deixa de conseguir seguir o Spyro estando ele na iminência de desmaiar se levar dano. Como forma de manter a saúde do nosso amigo no máximo, é necessário dar-lhe de comer borboletas. Como curiosidade, apesar de parecer aleatório a escolha de colocar uma libelinha a comer borboletas, estas comem efectivamente borboletas.

E assim se passou no mundo dos dragões…

O primeiro jogo, Spyro the Dragon, tem uma história bastante simples. Certo dia, o malvado Gnasty Gnorc estava a ver televisão e não gostou do que os dragões disseram sobre ele. Como forma de se vingar ele lança uma maldição que transformou todos os dragões em estátuas de cristal. O pequeno Spyro, no entanto, não foi transformado e decide dar uma lição ao Gnasty Gnorc. Pelo caminho ele vai soltando os seus amigos dragões presos e colecionando tesouros espalhados pelo mundo. Após salvar um certo número de dragões ou colecionar gemas preciosas é possível passar para outro mundo com mais níveis para explorar, tesouros para colecionar e dragões para salvar até se chegar ao mundo onde poderá enfrentar o malvado Gnasty Gnorc.

A história do segundo jogo é um pouco mais elaborada que a do primeiro mantendo na mesma o humor característico da série. Num mundo onde não existem dragões, o malvado Ripto está a causar o caos e só um dragão é que terá a capacidade para lhe fazer frente. Então os habitantes criaram um portal que apanhou o Spyro que ia de férias e pediram-lhe ajuda para enfrentar o Ripto e terminar toda a confusão que está a criar. Para tal, o aventureiro dragão terá de visitar diversos mundos, ajudando os seus habitantes com os seus problemas e recebendo o talismã desses mundos que depois serão usados para enfrentar o antagonista do jogo. Pelo caminho Spyro vai também colecionando esferas especiais que o irão ajudar a voltar para casa.

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Neste jogo nota-se que houve um maior esforço em tornar os mundos mais vivos. No início e fim de cada nível existe um pequeno excerto de vídeo que apresenta o problema dos habitantes assim como a sua resolução. Cada conjunto de habitantes tem as suas características e aspectos que estão de acordo com o nível onde estão inseridos, como tartarugas para os níveis na praia ou budistas para os níveis nas montanhas geladas. Estes pequenos excertos mostram um humor divertido e muito característico que faz lembrar os desenhos animados dos anos 90.

A história do terceiro jogo passa-se logo após o final de Ripto’s Rage estando o Spyro, todos os dragões e os seus amigos do jogo anterior a tirar uma sesta quando um grupo de ladrões aparece do chão e rouba todos os ovos de dragão. Spyro acorda e tenta impedir o roubo sem sucesso. A missão dele agora é ir ao mundo dos ladrões e recuperar todos os ovos de dragão. Pelo caminho ele irá ajudar certos personagens que o ajudaram a resgatar os ovos e derrotar a feiticeira que ordenou o roubo dos mesmos. De cada vez que o Spyro encontra um ovo, este choca revelando o pequeno dragão que se encontrava lá dentro.

O bom e o Gnasty

Sendo este jogo uma remasterização dos jogos originais, o maior impacto verifica-se na evolução gráfica do jogo. A equipa Toys for Bob fez um trabalho incrível criando um mundo incrivelmente detalhado e com um encanto que faz lembrar os tradicionais contos de fadas e dragões. É um mundo que dá vontade de simplesmente apreciar o cenário e as interações das suas personagens. Mesmo as animações do Spyro são tão detalhadas que se torna incrivelmente gratificante a simples acção de correr pelos campos, sem destino, a cuspir fogo em todas as ovelhas que apareçam pelo caminho.

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A música também sofreu uma melhoria, tendo sido recriada a fim de se adaptar aos novos tempos. Para aqueles que preferem ouvir a música original é possível reverter a música do estilo moderno para o estilo clássico. No entanto, apesar da música ser agradável e dinâmica ao cenário onde nos encontramos, não é um dos pontos fortes do jogo não sendo memorável o suficiente para conseguirmos lembrar de uma das músicas quando falamos em Spyro.

O controlo da câmera poderá ser mesmo o ponto mais negativo do jogo todo. Apesar de existirem dois modos de a controlar, um dinâmico onde a câmera se ajusta ao movimento e outro onde a câmera é totalmente controlada pelo jogador, nenhum dos modos é perfeito para todas as situações, havendo momentos onde seria desejável ter o controlo total e outros onde o dinamismo seria o desejado. Este problema cria situações onde certos movimentos que seriam simples de executar necessitam de muitos ajustes resultando, na maioria dos casos, em errar os movimentos.

Considerações finais

Spyro Reignited Trilogy é uma homenagem a uma das mais icônicas mascotes dos jogos de Playstation. A melhoria gráfica e a fiel reprodução dos jogos originais permite que, aqueles que já jogaram Spyro, o voltem a fazer sem se aperceberem dos anos que passaram do seu primeiro lançamento e, os que nunca jogaram, possam explorar o mundo do corajoso dragão roxo e percebam o motivo de tantas pessoas o adorarem.

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Spyro Reignited Trilogy está disponível, em exclusivo para a PlayStation 4, e pode ser encontrado tanto em formato físico ou digital. Com a chegada da época natalícia fica aqui uma sugestão para os mais novos ou mesmo para os jogadores mais experientes que se estejam a sentir nostálgicos.

 

N.R.: A análise de Spyro Reignited Trilogy foi realizada numa PlayStation 4 Pro com uma cópia do jogo disponibilizada pela Sony PlayStation Portugal.

 

Spyro Reignited Trilogy
Reader Rating1 Vote
9
Sentido de humor bastante peculiar e divertido
Incrível mundo para explorar, com variedade de personagens
Um vício para completistas
Câmera com algumas situações frustrantes
Níveis de estrutura repetitiva
Música pouco memorável
9
EM 10