O Google Pixel Watch 4 chega ao mercado com a promessa da Google de ser “a maior atualização ao Pixel Watch até à data”. E, ao experimentá-lo, não é difícil perceber porquê. Este modelo representa um salto significativo não só em design, mas também em funcionalidades de saúde, conetividade e integração com inteligência artificial. Mas será suficiente para conquistar o pulso dos utilizadores mais exigentes?
Design e construção
O novo Pixel Watch 4 mantém o formato circular já característico da linha, mas apresenta um design mais refinado e substancialmente melhorado. O grande destaque visual é o novo ecrã Actua 360, uma inovação não apenas estética, mas também funcional. Ao contrário de gerações anteriores, aqui o próprio painel é fisicamente curvo (abobadado), permitindo margens mais finas e uma área de visualização cerca de 10 % maior. O brilho atinge os 3 000 nits (e podemos reduzir manualmente até 1), o que se torna numa excelente visibilidade mesmo sob luz solar direta.
A qualidade de construção não desilude: alumínio de nível aeroespacial combinado com vidro Corning Gorilla Glass personalizado torna-o leve e robusto e em termos de durabilidade, o Pixel Watch 4 está preparado para o dia-a-dia com certificações 5 ATM e IP68, garantindo resistência à água (até 50 metros) e poeiras. Está disponível em dois tamanhos, 41 mm e 45 mm (versão testada), para se adaptar melhor a diferentes tipos de pulso.
O Pixel Watch 4 tem um design fora do normal a roçar o futurista, da forma do ecrã, à bracelete minimalista e com muito estilo. Com várias faces à escolha (mostradores), podemos escolher estilos mais sóbrios, mais virados para o desporto (com mais indicadores no visor principal) e mais casual. Alguns estão incluídos de origem ao sair da caixa, mas facilmente instalamos faces grátis, bem como alguns considerados premium, a pagar.
Este modelo será lançado em quatro cores, Obsidian, Porcelain e Moonstone.









Desempenho e conetividade
O interior do Google Pixel Watch 4 esconde uma arquitetura híbrida inteligente. O Snapdragon W5 Gen 2, garante um desempenho mais ágil e eficiente, com ganhos de até 25% na velocidade e otimização do consumo energético. Conta ainda com 2 GB de RAM e 32 GB de armazenamento interno, o que é mais do que suficiente para aplicações, música offline e atualizações do sistema. Com taxa de atualização adaptativa, o ecrã pode estar a 60hz para um scrolling mais suave ou a 1hz para poupar mais bateria.
A nível de conetividade, inclui Wi-Fi, Bluetooth e NFC, tudo o que um smartwatch topo de gama tem para as necessidades deste nosso mundo digital.
Saúde e fitness
Onde o Pixel Watch 4 realmente brilha é no seu ecossistema de saúde e fitness. O conjunto de sensores vêm com:
- Um sensor de frequência cardíaca mais preciso
- Medição de oxigénio no sangue (SpO₂)
- Um sensor de temperatura da pele, útil para deteção precoce de febre ou alguma alteração que mereça nota
- GPS de dupla frequência, que melhora a precisão de localização, especialmente em áreas urbanas ou trilhos
- A monitorização do sono também evoluiu com um controlo mais apurado, que promete detetar com mais rigor as fases do sono.
Para quem gosta de manter-se ativo, há mais de 50 modos de exercício, incluindo modalidades recentes como padel entre dezenas de outros desportos e atividade física. E mesmo que nos esqueçamos de iniciar o treino, o relógio pode detetar automaticamente o tipo de atividade e registar os dados, algo que me deixou muito impressionado.
Em conjunto com a aplicação fitbit, temos o complemento ideal ao nosso smartwatch se formos conscienciosos com o exercício e saúde. Temos a vertente de “atleta” e como se a aplicação fosse o nosso treinador, com planos personalizados de acordo com a nossa disponibilidade. No fitbit podemos ter todos os dados da nossa utilização diária.
Em termos de segurança, o Pixel Watch 4 aposta muito na rapidez da comunicação caso algo corra mal: deteção de quedas e até paragem cardíaca, e ativa chamadas automáticas para os serviços de emergência se o utilizador não reagir. A funcionalidade de partilha de emergência permite ainda enviar a nossa localização a contactos de confiança se um temporizador de segurança expirar.





Gemini no pulso: a IA no dia a dia
Um grande destaque é a presença do Gemini, o novo assistente de IA da Google, agora acessível diretamente no pulso. Com o gesto “Levantar para falar”, podes interagir com o relógio apenas por voz, sem toques nem botões.
As respostas e sugestões tornam o relógio mais útil no dia-a-dia, seja para responder a mensagens, consultar o calendário ou obter ajuda rápida.
No meu tempo de análise, consultei principalmente direções, abrindo a aplicação Maps e ir seguindo o caminho pelo smartwatch em vez de olhar para o telefone e até ver, consegui fazer quase tudo o que consigo fazer no telefone.
Esta é a grande diferença do Pixel 4 para outros equipamentos semelhantes, temos literalmente tudo no pulso.
Autonomia e carregamento
A autonomia da bateria é a maior crítica que tenho no Pixel Watch 4.
Percebo que, com tudo que podemos usar o equipamento, que mesmo desligado, alguns processos estejam a correr em background, agilizando os mesmos ao voltar a consultá-lo descarregando a bateria mais rápido, mas comparando com outros smartwatches que analisámos recentemente, este peca pela sua duração.
A marca prevê até 40 horas no modelo de 45 mm e em modo de poupança, é possível chegar às 72 horas, embora à custa de sacrificar várias funcionalidades. Na minha utilização, carreguei sensivelmente de dois em dois dias, mas em testes intensos, durou pouco mais de 24 horas.
O carregamento rápido é um ponto positivo: em apenas 15 minutos, é possível atingir 50% de carga. A base de carregamento tem um encaixe lateral e, quando ligado, o relógio assume um modo de visualização útil (tipo relógio de mesa de cabeceira), e mostra hora, bateria e tempo restante de carregamento.
Considerações finais
O Pixel Watch 4 é, sem dúvida, o smartwatch mais completo e ambicioso da Google até hoje. Com um design mais refinado, funcionalidades de saúde e segurança melhoradas e uma integração de IA verdadeiramente útil, o relógio apresenta-se como uma proposta muito séria para quem vive no ecossistema Android/Google como eu, que tenho um Pixel 9a.
Contudo, a autonomia não impressiona, e para quem tem uma vida agitada em termos de treinos e atividade física, terá de o carregar diariamente.
Se procuram um smartwatch bonito, inteligente e preparado para vos acompanhar na saúde, treino e até emergências, o Google Pixel Watch 4 justifica o investimento. Mas se valorizam autonomia acima de tudo, ou se estão fora do “mundo Google”, talvez existam opções mais equilibradas.

