O mais recente jogo da série de shooters cooperativos, Killing Floor 3 chega com a promessa de expandir a fórmula mostrada nos outros títulos, destruir hordas de Zeds, os monstros geneticamente modificados que se tornaram a marca registada da série.
Joguei momentaneamente o primeiro jogo e até gostei do que vi, um conceito que na altura estava um pouco morto, havendo poucos títulos com a mesma fórmula, mas não vou mentir, não é um género que me chame imediatamente, a não ser que preencha alguns requisitos chave para me manter com interesse.
Embora o jogo mantenha a essência que os seus antecessores tornaram famosa, e apesar de funcional no que é básico, falta profundidade e conteúdo para se destacar de forma significativa no género, especialmente para jogadores que procuram algo mais do que só dar uns tiros.
Caos e morte
Killing Floor 3 é exatamente o que se espera de um jogo da série, uma batalha sangrenta pela sobrevivência contra ondas de aberrações. A jogabilidade, que envolve abater Zeds com uma variedade de armas, continua a ser o ponto forte e o principal foco do jogo. O sistema de desmembramento e violência explícita, conhecido como M.E.A.T. (Massive Evisceration and Trauma), continua presente e foi melhorado. Cada tiro e golpe é satisfatório, com Zeds reagindo de forma realista a cada ferimento, seja perdendo um membro ou a cabeça rebentada numa explosão de sangue. A física e a sensação das armas estão muito boas, e sentimos o peso e impacto que os nossos tiros podem fazer nas dezenas de inimigos que nos aparecem por ronda.
Além disso, a mobilidade do personagem foi significativamente melhorada. A adição de movimentos como correr, deslizar e saltar sobre obstáculos adiciona uma nova camada de fluidez à mobilidade e ao combate, permitindo que os jogadores se esquivem de ataques e naveguem pelos mapas de forma mais rápida. Essa agilidade é importante, pois os próprios Zeds também foram melhorados no campo da inteligência artificial, que lhes permite usar o ambiente de forma estratégica, como subir às paredes e usar o terreno a seu favor para nos encurralar.
O sistema de modificação de armas também é uma novidade bem-vinda, e permite uma personalização mais profunda e estratégica do nosso arsenal. Durante as missões podemos apanhar peças e esquemas (blueprints), e conseguimos adaptar as nossas armas com miras, carregadores e outros acessórios, que traz um nível de customização que os jogos anteriores não tinham. A progressão dos personagens, agora chamados de Especialistas, foi simplificada e é mais acessível, e desbloqueamos novas capacidades mais cedo. Mas este sistema de evolução pode se tornar um processo de “grinding” chato.
Muita parra, mas pouca uva
Apesar de sua jogabilidade sólida e satisfatória, Killing Floor 3 sofre com a falta de conteúdo no lançamento. O jogo oferece apenas seis classes (Especialistas), 30 armas, 13 tipos de Zeds e oito mapas. Embora os mapas estejam bem esquematizados e visualmente distintos, essa quantidade limitada de opções faz com que a repetição se instale rapidamente. Há uma sensação de que o jogo foi lançado rápido demais, e talvez haja conteúdo adicional ao longo do tempo, sendo um live service game, mas por agora há pouco para jogar. Mesmo com as classes dos nossos Especialistas para explorar e desbloquear habilidades, tudo cansa muito rápido.
Não ajuda quando o próprio jogo não coopera connosco. Mesmo depois de algumas semanas após o lançamento, continuam a ser frustrantes as sessões de jogo. Nos últimos três jogos que fiz, já tinha metade da equipa bloqueada para entrar, quando o jogo me leva para o ecrã principal, nem sequer para o hub onde escolhemos as nossas missões. Muito problemas de frame rate assolam as sessões e vemos os restantes membros da equipa com imenso lag, o que dificulta na hora de reviver ou curar. Para um título multijogador ser lançado e ainda ter todos estes problemas não é ideal nos tempos que vivemos.
A direção de arte e o tom do jogo também são estranhos. Killing Floor 3 tem uma estética cyberpunk que parece genérica e menos inspirada já que não se destaca por nada. O jogo tenta construir um enredo que coloca os jogadores como membros do grupo rebelde Nightfall lutando contra a megacorporação Horzine em 2091. No entanto, os elementos da história são vagos e pouco desenvolvidos, falham em criar um senso de propósito que vá além de sobreviver a séries de inimigos. Lembro-me do primeiro jogo ter um senso de humor diferente, mas neste não me apercebi de nenhum diálogo de destaque, o que também contribui para uma experiência que é memorável.
Considerações finais
Killing Floor 3 é na sua essência, um shooter cooperativo competente, que cumpre a sua promessa de entregar uma experiência cheia de adrenalina que os fãs esperam. As melhorias na física dos Zeds, os gráficos aprimorados graças à Unreal Engine 5 e os novos sistemas de progressão são pontos positivos que melhoram bastante a experiência de combate. No entanto, o lançamento é prejudicado por pouco conteúdo e uma falta de personalidade que o impede de se destacar num mercado inundado de jogos muito semelhantes. Para os fãs que possam ser mais dedicados, a experiência oferece um pouco de diversão, mas a longevidade do título dependerá da Tripwire Interactive, se cumpre a sua promessa de adicionar mais conteúdo. Por enquanto, o jogo é uma experiência mediana, que pode ser boa se jogado com amigos, mas sem, não inova o suficiente para fixar a sua posição como um grande avanço para a série neste seu terceiro jogo. A melhor forma de descrever Killing Floor 3 no lançamento é a de um produto que ainda não atingiu o seu potencial, mas não sabemos se alguma vez atingirá e quanto tempo esse processo levará.

