Monster Hunter Wilds

Monster Hunter Wilds – Análise

Monster Hunter sempre foi sinónimo de feitos épicos com um toque de filme hollywoodesco e de diversão e desafio em partes semelhantes. Monster Hunter Wilds parece querer mudar o paradigma do franchisado, com diversas alterações anunciadas e já escalpelizadas pelos entendidos. Eu sou novato e digo desde já que não me espantou, apesar de me dar a mão em vários momentos. Hum, talvez seja mesmo isso que me leva a não criar uma ligação com o jogo. Que me perdoem os fãs. Explico melhor o porquê de seguida.

Prontos para cuspir areia?

As Terras Proibidas dão início à nossa aventura. A estória parece um pouco batida, em que nos vemos envolvidos no mistério de descobrir porque está o clima alterado, o que faz os animais fugirem. Uma criança está no centro de todos os acontecimentos, que crê ser/ter uma besta no seu interior, argumento ao qual nunca se dá a importância que deveria ter. Não é de facto algo pela qual a saga é conhecida, mas sou uma pessoa que dá importância à envolvência narrativa e nunca me consegui ligar ao que era contado. Pouco coerente e a vontade foi sempre a de passar esta parte e voltar a combater.

Somos brindados com cutscenes grandiosas, parecendo saídas do novo anime produzido pela TV Tokyo. São realmente bonitas, cheias de ação, mas depois graficamente o jogo em si apresenta texturas com pouca resolução seja no mundo e até nas armas que usamos. Os monstros em si estão incríveis, mas era bom ter havido aqui um equilíbrio: ou a escala gráfica no jogo em si subia, fazendo usufruto do suposto poderio da PS5, ou as cenas de animação podem ter uma qualidade mais baixa, para o contraste não ser tão evidente.

Mas apesar destas contradições gráficas, não deixa de ser verdade que Monster Hunter Wilds é bastante divertido e contido na sua longevidade. Como caçador de primeira viagem, a campanha principal demorou-me por volta de 17 horas a completar. Bem sei que isso é apenas raspar todo o conteúdo que esta saga representa, mas confesso que é aquele em que a análise se baseia mais. Ainda me pus por poucas horas a fazer o grind  necessário para obter as armas e equipamentos lendários, mas acabei por desistir. Muito investimento para tão pouco retorno. A dificuldade aumenta, mas nem por isso. Acabamos por combater os mesmos monstros, mas mais rápidos e com mais pontos de vida, aparentemente. Existem também alguns monstros “novos”, que pelo que investiguei são de outros jogos, mas que não me motivaram a ficar mais tempo neste mundo.

Nos monstros reza a glória

Pouco interessa se o argumento parece sensaborão. O mundo e os monstros são o que mais interessa. Até estão no título! Sempre ouvi falar na dificuldade que estes jogos apresentam, com lutas grandiosas, cheias de reflexos rápidos e de táticas de armamento que precisam de ser escalpelizadas. Curioso nunca ter sentido isso nas minhas runs. Raramente tive que escolher pormenorizadamente o que iria levar para cada combate, limitando-me a equipar o que mais pontos de dano retirava, sem ligar aos atributos secundários. Segundo sei, isto não é a alma pretendida pelos fãs. Como já referi, para mim está bom, não sinto esse necessidade. Mas não deixo de pensar como se sentirão os fãs acérrimos.

Uma das aparentes novidades nos combates, que são incríveis, diga-se desde já, é o sistema de feridas. Golpear repetidamente uma zona do corpo do monstro faz com que feridas surjam nessa zona e é possível destruí-las, causando pontos de dano impressionantes, fazendo com que essa parte do corpo “caia” como um item que podemos mais tarde usar para englobar na criação de equipamento.

Básico como sou, levei quase sempre uma espada longa, seja feita de osso primeiramente ou de outro materiais mais resistentes mais tarde. E apesar de algumas das lutas parecerem intermináveis, o que é facto é que nunca precisei de usar nenhum dos outros 13 tipos de armas disponíveis. Que reviewer incrível que sou, não é? Admitindo essa minha falha, pois deveria ter feito outras escolhas para analisar e comparar, certo é que este tipo de arma permitiu-me derrotar todos os monstros com alguma facilidade, apesar do tempo demorado nalgumas das lutas. Mais uma vez, e falando sem saber, não deve ser nada disto que os fãs devem querer. Com tanta pompa, novidades, possibilidades de criação… E uma espadazinha chega?

Analisemos a parte das caçadas, que sempre foram parte essencial no mundo de Monster Hunter Wilds. Pois, aqui caça-se pouco, pois temos os Seikrets, animais que podemos montar, lembrando uma mistura estranha entre Chocobos e velocíraptors. Lembram uma espécie de Ubers animalescos que podemos usar para levar quase de forma automática até ao nosso destino, o próximo monstro. Sempre me disseram que tenho um péssimo sentido de orientação e estes cavalinhos-monstro facilitam-me muito a vida, confesso. Mas tudo parece muito trivial e maquinal: Matar monstro, ir ao nosso campo fabricar melhores armas, ser levado ao próximo combate, repetir. Limitado, não acham?

Porém, verdade seja dita, os combates são super divertidos. As animações estão bem conseguidas, nossas e dos monstros que combatemos e é tudo muito rápido mas sem ser injusto. Temos no topo sempre identificado o próximo botão que devemos carregar para conseguirmos aquela combinação satisfatória. Os nossos táxis de duas pernas também nos permitem transportar duas armas, sendo eles também possíveis de liderar numa batalha, dando outra dimensão aos mesmos. Mas ainda aqui, parece ter sido feito um esforço talvez desnecessário para a tão falada abertura a todos os jogadores. Enquanto a personagem principal tem os seus itens contados e que têm de ser geridos com critério, a nossa montada parece ter dentro dela uma fonte inesgotável de poções de cura ou de itens de anulação de estados. Para mim, confesso, deu um jeitaço.

Não existem barras de vida nos inimigos, o que poderia manter aqui um elemento de suspense que pode agradar a uns e antagonizar outros tantos. Os monstros vão dando pistas físicas de como está a sua debilidade, mas em caso de não serem bons a interpretar as mesmas, o nosso Palico (felino companheiro de aventuras/batalhas) vai facultando frases que nos permitem avaliar o estado dos bichos. Útil? Sim. Essencial? Nem por isso.

Considerações finais

Monster Hunter Wilds parece ser a experiência perfeita para um novato da saga, com acessibilidade a rodos, sem mil opções de armas e combates que dificultem a progressão e ainda sem uma procura incessante e atrapalhada dos monstros a combater. Para mim serviu perfeitamente, mas não é algo que me tenha marcado e que me pareça representar esta saga na sua plenitude.

Com momentos épicos vislumbrados pelas melhores e piores resoluções que já num jogo da PlayStation, Monster Hunter Wilds deve ser um ponto de reflexão para o que a iteração e a malta da Capcom pretende para o futuro.

nota 3

Os monstrinhos precisam de adrenalina extra para honrarem o nome Monster Hunter.


+ Combates épicos
+ Fluído e rápido

– Algumas texturas horríveis
– Pouco desafio na campanha
– Pouca recompensa para conteúdo secundário