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O mercado das criptomoedas vai crescer, mas também vai sofrer uns trambolhões pelo caminho

Foram poucas as cadeiras para todos os que estiverem interessados em acompanhar a primeira conferência sobre criptomoedas na edição deste ano do Web Summit. Literalmente centenas de pessoas juntaram-se para ouvir o que três especialistas tinham para partilhar sobre o tópico.

No final não houve conclusões revolucionárias ou indicações sobre aqueles que poderão ser os projetos de criptomoedas mais fortes nos próximos anos. Houve sim uma mensagem, forte, que foi passada para a audiência: o mercado das criptomoedas vai crescer, mas pelo caminho vai sofrer alguns contratempos significativos.

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“Estes são os primeiros dias do dinheiro digital. Vamos ter produtos muito mais sofisticados no futuro e esta tecnologia vai ser muito importante para equilibrar a pressão que as pessoas sentem relativamente ao rumo que a sociedade está a tomar”, começou por dizer o diretor executivo da Privategrity, David Chaum, que é mais conhecido por ter desenvolvido um conceito de moeda digital, o DigiCash, ainda na década de 1980.

“Ainda é muito cedo para que o poder destas tecnologias seja totalmente percebido. Existe um grande potencial positivo. (…) Não é algo que vá fragmentar a sociedade e vá acentuar a desigualdade social. É algo que vai ser a alavanca para empurrar o mundo numa direção muito melhor”, defendeu o pioneiro do dinheiro digital.

O facto de estarmos ainda a viver os primeiros dias da revolução das criptomoedas tem aspetos positivos, como o grande entusiasmo que existe em torno deste tópico e o cada vez maior número de projetos que têm surgido, mas isso também significa que ainda há muitas dores de crescimento para enfrentar. Uma das maiores até agora, a fraude, não vai desaparecer tão cedo e o autor do livro CryptoAssets, Chris Burniske, explicou porquê.

“Todas as revoluções tecnológicas são acompanhadas de fraude – é parte da fundação para a inovação. (…) Novas regras, ataques a exchanges, isto pode causar perturbações temporárias. Podem contar com a fraude, vai acontecer várias vezes até que o mercado fique resiliente”, avisou o especialista.

Por outro lado, defendeu Chris Burniske, “existe uma consolidação a acontecer em termos tecnológicos e há muitos empreendedores que estão a trabalhar no blockchain, o seu entusiasmo não pode ser parado”.

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Outra visão importante foi introduzida no debate por Alex Kong, fundador do TNG FinTech Group: ainda que a regulação vá trazer alguns solavancos às criptomoedas, a existência de regras é essencial para o sucesso deste mercado, defendeu.

“Neste momento as criptomoedas têm aplicações reais em negócios. Alguns não querem regular para não matar a inovação, mas é preciso regular para proteger o interesse dos consumidores”, explicou Alex Kong. “Metade da população no mundo não tem contas no banco. (…) Vemos potencial nas criptomedas para mover os fundos pelo mundo”. Para o investidor, as transferências de dinheiro em tempo real e sem intermediários associados serão chaves para parte deste sucesso.

Por fim Chris Burniske fez um aviso importante para todos aqueles que estão interessados no segmento das criptomoedas. “Nem todas estas coisas são criptomoedas”, começou por dizer. “Existem comodidades criptográficas e existem tokens – isto são redes descentralizadas incentivadas por tokens”, ressalvou o especialista.

Colocando por outras palavras, Chris Burniske só classifica de criptomoedas aquelas que têm como objetivo desempenhar o papel de dinheiro digital e não todos os tokens que são criados por associação às centenas de projetos que têm sido criados em cima das redes de blockchain. Uma dica que pode ser valiosa tanto em termos de utilização, como em termos de investimento.

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