Viv Labs

A promissora assistente digital Viv agora faz parte da Samsung

A Apple tem a Siri. A Google tem o Google Assistant. A Amazon tem a Alexa. A Microsoft tem a Cortana. E a Samsung?

Até aqui a tecnológica sul-coreana tinha um assistente básico conhecido como S Voice, mas nunca foi muito competitivo quando comparado com as opções disponibilizadas pelas restantes tecnológicas referidas. Sobretudo nos últimos tempos em que todos os assistentes digitais estão a integrar de forma agressiva tecnologias de inteligência artificial.




A Apple abriu a Siri aos programadores. A Google fez hardware de propósito para ter um maior alcance com o Google Assistant. A Amazon continua a acrescentar novas funcionalidades à Alexa todas as semanas. E a Microsoft até criou uma divisão de inteligência artificial com cinco mil colaboradores para potenciar ainda mais os serviços como a Siri.

A Samsung precisava mesmo de fazer um movimento nesta área. Como começar a desenvolver do zero demoraria vários anos, mesmo para uma empresa com o poderio financeiro da Samsung, a gigante asiática optou pelo caminho mais ‘curto’: adquiriu a Viv Labs, empresa responsável pelo desenvolvimento da assistente Viv.

Não foram revelados valores do negócio.

A Viv Labs tornou-se num nome conhecido do grande público pois tem como fundadores as mesmas três pessoas que desenvolveram a Siri da Apple: Dag Kittlaus, Adam Cheyer e Chris Brigham.

Depois de a Apple ter comprado a Siri em 2010, os três elementos acabaram por sair da marca da maçã e em 2012 começaram a desenvolver a Viv.

A Viv precisa apenas de 10 milissegundos para escrever um programa constituído por 44 passos de ligação

Já falámos da Viv noutras ocasiões. Isto porque a proposta da Viv Labs é ambiciosa: uma assistente digital ubíqua, que pode ser integrada em hardware de diferentes fabricantes, que será capaz de lidar com diferentes idiomas e que poderá ser integrada com todos os serviços. Esta realidade apenas está dependente de alguns factores, sendo os programadores o mais importante.

Ou seja, a ideia da Viv Labs é que a Viv seja desenvolvida um pouco como a Wikipédia: a tecnológica garante a estrutura base para o desenvolvimento de ferramentas que tiram proveito da Viv. Os programadores fazem o restante trabalho e em contrapartida vão ganhar uma nova ferramenta para vender serviços.

“Queremos ser o que a Google foi para a Internet. Ou o que a Apple AppStore foi para o mobile. Queremos desempenhar um papel semelhante. Queremos trabalhar com parceiros de distribuição para colocar o Viv na dianteira de todos os relógios, carros, televisores e sistemas de som. E no processo queremos dizer aos programadores ‘Vocês têm um website, vocês têm uma aplicação móvel. Liguem-nos à Viv, nós damos as ferramentas e o incentivo financeiro para que agora possam fazer dinheiro com este canal’. E ao ligarem-se eles podem vender os seus conteúdos e serviços com a ajuda da assistente”, disse Adam Cheyer em entrevista ao FUTURE BEHIND em maio.

O diretor-executivo da empresa, Dag Kittlaus, explicou numa publicação no Medium o porquê de a empresa ter-se juntado à Samsung. A razão principal está relacionada com o número de equipamentos que a Samsung vende todos os anos – 500 milhões de acordo com a publicação.

“Está na altura de colocar esta visão em fast forward”, escreveu.

Imaginando, por exemplo, que a Viv estaria disponível no dia 1 de janeiro de 2017, no final desse ano poderia estar em 500 milhões de dispositivos só com a integração em smartphones, tablets, televisores, relógios, óculos de realidade virtual e eletrodomésticos da Samsung. Mas é aqui que o negócio fica interessante: outro motivo da venda da Viv à tecnológica sul-coreana passa pelo facto de a Viv Labs poder trabalhar com outros parceiros de hardware e de manter a sua independência relativamente à nova empresa-mãe.

Por fim o CEO da Viv Labs ficou rendido às ambições da Samsung para o segmento da inteligência artificial.

“Penso que todas as grandes empresas aperceberam-se que o mundo está a mudar. E a Viv vai tentar estar em controlo desta nova experiência. O Satya Nadella [diretor-executivo da Microsoft] disse que a assistente é o próximo sistema operativo. A Microsoft pensa em termos de sistema operativo, mas acho que ele tem toda a razão”, explicou na entrevista em maio o cofundador da Viv Labs, Adam Cheyer.

Até agora a Viv apenas teve uma demonstração pública. Foi no dia 9 de maio no evento TechCrunch Disrupt.

‘A temperatura vai ser superior a 21º perto da ponte Golden Gate depois das cinco da tarde do dia depois de amanhã?’

Esta foi uma das questões que Dag Kittlaus colocou à sua assistente durante a demonstração, tendo recebido uma resposta correta e em apenas alguns centésimos de segundo, apesar da conjugação complexa de várias informações. Parte do segredo está na capacidade de a Viv escrever o seu próprio código para conseguir chegar mais rápido às respostas necessárias.

Ainda não há uma data para o lançamento da Viv enquanto serviço ao qual o comum dos consumidores vai ter acesso. Mas já há uma certeza: os dispositivos da Samsung serão os primeiros a receber a ferramenta de inteligência artificial.

A compra da Viv Labs foi feita sobretudo com interesse na divisão mobile, confirmou um dos vice-presidentes da Samsung, Jacopo Lenzi, em entrevista ao TechCrunch. “Esta é uma aquisição que está a ser feita pela equipa mobile, mas claramente vemos interesse para os restantes dispositivos”, salientou o executivo.

Poderá a Viv ser um dos elementos diferenciadores do sucessor do Galaxy S7 da mesma forma que o Google Assistant é para o Pixel?