Palmer Luckey, criador dos Oculus Rift, está de saída do Facebook

Na reestruturação que o Facebook tem operado na Oculus não há lugar para o seu cofundador e criador dos Oculus Rift, Palmer Luckey. O norte-americano de 24 anos está de saída da tecnológica, três anos após ter vendido a sua startup à empresa liderada por Mark Zuckerberg. Amanhã, 31 de abril, será o último dia de Palmer Luckey como funcionário do Facebook.

“Vamos sentir falta do Palmer. O legado do Palmer vai muito além da Oculus. O seu espírito criador ajudou a impulsionar a revolução da realidade virtual moderna e ajudou a construir uma indústria. Estamos gratos por tudo o que ele fez pela Oculus e pela realidade virtual, e desejamos-lhe o melhor”, disse o Facebook em declaração oficial citada pelo UploadVR.




O Facebook não adiantou no entanto se a saída de Palmer Luckey foi requerida pelo próprio ou se se trata de um afastamento.

Apesar de ter ajudado a criar a Oculus e de ter sido a pessoa por trás do conceito dos Oculus Rift, há muito que Palmer Luckey andava afastado da atenção mediática. O ‘desaparecimento’ de Palmer Luckey acentuou-se ainda mais quando foi descoberto que o empreendedor financiava um grupo de ativistas online que estava a fazer campanha pelo então candidato à presidência dos EUA, Donald Trump.

O apoio ‘indireto’ de Luckey a Trump não caiu bem na opinião pública, sobretudo na norte-americana, o que colocou a Oculus e consequentemente o Facebook numa posição desconfortável. Já depois desta polémica decorreu o terceiro evento anual de programadores da Oculus, a Oculus Connect, e Palmer Luckey não marcou presença nos grandes momentos do evento.

Mais recentemente Palmer Luckey representou a Oculus em tribunal, num caso em que a empresa era acusada de roubar propriedade intelectual à ZeniMax. A Oculus foi condenada a pagar uma indemnização de 500 milhões de dólares, sendo que deste valor 50 milhões foram originados por falsas declarações de Palmer Luckey. O cofundador da Oculus quebrou ainda o acordo de divulgação que tinha com a ZeniMax, o que contribuiu para a compensação avultada.

A saída de Palmer Luckey acontece na altura em que a versão de consumo dos Oculus Rift está a celebrar o seu primeiro ano de mercado. Aliás, no dia 28 de março de 2016 ficou famoso o vídeo em que Palmer Luckey foi entregar a primeira unidade dos óculos ao primeiro comprador.

“É algo demasiado importante para ser entregue por um estafeta”, disse o cofundador da Oculus na altura.

Apesar deste período final mais negativo, Palmer Luckey é a pessoa a quem deve ser atribuído muito crédito pelo estado atual de entusiasmo e desenvolvimento da realidade virtual. Luckey foi a pessoa que além de ter criado os Oculus Rift, deu a cara pelo projeto enquanto era ainda uma startup. Foi sob a batuta de Palmer Luckey que os Oculus Rift conseguiram angariar 2,4 milhões de dólares através do Kickstarter e tornaram-se numa realidade.

O potencial do projeto desenvolvido por Palmer Luckey e companhia foi suficiente para chamar a atenção do todo-poderoso Facebook. Em março de 2014 o Facebook investia dois mil milhões de dólares na Oculus, um desfecho de sonho para um projeto que vingou graças a uma plataforma de crowdfunding.

A saída de Palmer Luckey encerra assim uma dúvida que já se prolongava há vários meses: após o escândalo de apoio político no qual esteve envolvido, que lugar reservaria o Facebook para ele? Nos últimos meses a tecnológica tem operado uma verdadeira revolução na estrutura da Oculus e esta semana foram conhecidos mais pormenores sobre como funcionará a empresa daqui em diante.

Hugo Barra, antigo executivo de topo da Google e da Xiaomi, vai ser o novo líder da Oculus. Brendan Iribe, antigo CEO da Oculus, é agora o líder da divisão focada em realidade virtual para computador. Jon Thomason vai estar responsável pela divisão de realidade virtual mobile. A estes nomes juntam-se ainda Hans Hartmann, o diretor de operações da Oculus, e o recém-contratado Michael Hillman, o novo diretor de desenvolvimento de hardware.

Nesta nova Oculus não havia lugar para Palmer Luckey: resta saber se por vontade do Facebook ou por vontade do próprio.

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