O ano em que o Instagram ficou mais parecido com o Facebook e o Snapchat

O ano de 2016 está a ser positivo para o Instagram. A rede social atingiu os 600 milhões de utilizadores e, diz a empresa detida pelo Facebook, “os últimos 100 milhões [de utilizadores] juntaram-se a nós nos últimos seis meses”. Em junho deste ano eram 500 milhões. Há cerca de um ano, em setembro de 2015, o Instagram tinha 400 milhões de utilizadores.

Tal como escreve a própria rede social, “muito mudou neste ano”, existindo “novas formas de partilha” como o “Instagram Stories, vídeos em direto e fotografias e vídeos que desaparecem no Direct”. Com todas as inovações do último ano, o Instagram deixou de ser simplesmente um local para partilhar fotografias com filtros, para ser uma rede social onde se pode fazer quase tudo o que os concorrentes fazem.



As novidades

Naturalmente que o que salta mais à vista são as Stories. Não há qualquer dúvida de que a funcionalidade foi claramente inspirada no Snapchat. Em agosto, aquando do lançamento das Stories, o CEO Kevin Systrom deu todos os créditos ao Snapchat, explicando que não é possível “recriar outro produto”, mas que é possível pensar “como se pode aplicar [o produto] à nossa rede?”. Para que dúvidas não restassem, Systrom confirmou que as Stories foram inspiradas no Snapchat.

Esta funcionalidade será uma das principais causas do crescimento nos últimos meses, mas não só. Outra das imagens de marca do Snapchat, a possibilidade de enviar fotografias e vídeos que, posteriormente, desaparecem, foi igualmente transportada para as Instagram Stories.

Mais de 100 milhões de pessoas já usaram as Instagram Stories

A possibilidade de transmitir vídeos em direto para o Instagram também começa a fazer a diferença. A funcionalidade tem sido muito utilizada no Facebook, e o Instagram como rede social detida pelo próprio Facebook, não fica atrás e introduziu a funcionalidade no último mês.

Ainda à semelhança da rede social de Mark Zuckerberg, o Instagram permite, agora, ‘gostar’ (ou colocar um coração) nos comentários de outros utilizadores, algo que, até agora, era sobretudo uma interação do Facebook e do Twitter.

A mais recente funcionalidade do Instagram é a possibilidade de guardar publicações. Desde a última quarta-feira, dia 14 de dezembro, é possível encontrar e utilizar um botão para guardar uma determinada publicação num novo separador privado que estará visível apenas para o utilizador.

Agora é possível guardar publicações para ver mais tarde.

Se estas são as funcionalidades que saltam mais à vista dos utilizadores, não são as únicas a estrearem este ano. Ainda este mês o Instagram lançou novas funcionalidades de segurança, como a possibilidade de reportar, de forma anónima, publicações que possam magoar, de alguma forma, outros utilizadores.

O Instagram adicionou a possibilidade de remover seguidores de contas privadas, algo que até agora não era possível; só existia a possibilidade de bloquear o utilizador. Por fim, a rede social também adicionou a possibilidade de controlar os comentários para as fotografias, para além da possibilidade de filtrar comentários com base em determinadas palavras. Os utilizadores podem, agora, desligar todos os comentários para as suas fotografias.

A introdução destas funcionalidades tem sido parte do combustível para que a rede social tenha cada vez mais utilizadores e a um ritmo rápido. A questão é: qual o preço a pagar por estas mudanças?

A concorrência

Se até este ano o Instagram destacava-se pela partilha de fotografia com filtros que transformavam (quase) qualquer foto numa fotografia profissional, atualmente esse fator passa para segundo plano: está lá e vai continuar, mas já não é importante.

Se mover-se do seu foco inicial nem sempre é bom para os negócios, no caso do Instagram é: os utilizadores aumentaram, como já vimos. De salientar que em 2014 existiam cerca de 300 milhões de utilizadores ativos mensalmente no Instagram.

O sucesso do rival Snapchat passou muito pela oportunidade de partilhar com os amigos um determinado momento, mas só durante um breve período. Não se trata de copiar o Snapchat, mas sim, como disse Systrom, pegar num conceito que está provado que funciona e adaptar ao produto da empresa.

Em maio o Instagram mudou por completo o seu design, mais um elemento que ajudou a transformar a rede social

As Stories do Instagram trazem esse mesmo sucesso. A interação dos utilizadores é maior, principalmente porque muitos utilizadores não querem colocar todas as fotografias que tiram na sua página do Instagram, que irá ficar ‘para sempre’ na sua montra de fotografias, mas não se importam de, por um dia, mostrar um outro determinado momento.

Desde o início do ano até agora, o Instagram passou a ser uma rede social onde se pode fazer quase tudo, como referido. Há uma separação entre o utilizador comum e as marcas, é possível encontrar publicidade e, diretamente, comprar um novo produto. Podemos mandar mensagens e conversar com amigos ou seguidores. Podemos guardar publicações para mais tarde ver. Dificilmente achamos que estas são grandes inovações, mas, subconscientemente, fazem com que quem vai experimentar o Instagram, ou utilize ocasionalmente o serviço, volte lá e utilize cada vez mais a rede social. E esse é o objetivo de qualquer empresa.

Sendo o Instagram detido pelo Facebook, é fácil de perceber que várias funcionalidades da maior rede social do mundo acabem por chegar ao Instagram. Passa, primeiro, por perceber o que faz falta e, depois, levar essas funcionalidades para o serviço. Se essa funcionalidade é um sucesso na concorrência, é pensar em como se pode integrar isso no serviço, e o Facebook já por várias vezes o fez. Ainda ontem, por exemplo, o Facebook anunciou uma nova câmara nativa para o Messenger que permite partilhar fotografias que desaparecem ao fim de 24 horas. Parece-vos familiar?

Rui Damião: Jornalista desde 2013, sou um apaixonado por carros, smartphones, jogos no geral e Pokémon em particular.
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