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Ter câmaras fotográficas revolucionárias não foi suficiente para a Lytro vingar

As propostas que a Lytro apresentou com as suas câmaras fotográficas eram disruptivas. Em 2011 a tecnológica trouxe para o mercado um pequeno stick de cinco polegadas que estreava um sensor com tecnologia de captação de imagem Light Field. Na prática isto permitia à câmara perceber exatamente a direção dos diferentes raios de luz que estava a receber, o que ajudava a construir os tais ‘campos de luz’.lytro-camera

E para que servia esta tecnologia? Permitia mudar a focagem da fotografia depois de a mesma já ter sido captada – se há smartphones que atualmente permitem fazer o mesmo, há quatro anos e meio foi recebido como uma verdadeira inovação num corpo tão pequeno.

lytro-camera-light-fieldO formato pouco convencional da Lytro original acabou por obrigar a tecnológica a desenvolver um novo equipamento. Em fevereiro de 2014 surgia  a Lytro Illum, uma câmara de design vanguardista e que assemelhava-se mais às DSLR que os utilizadores estão habituados a ver e a manusear.

A tecnologia Light Field evoluiu neste modelo e os resultados das imagens continuam a ser muito interessantes. O utilizador pode focar e refocar os elementos de cada composição a seu gosto e se agarrar a fotografia com o rato verá que a mesma ganha um efeito tridimensional.

Como nestes exemplos [aconselhamos a ver em ecrã cheio, clicando no botão do canto inferior direito de cada uma das fotografias]:

 

A Lytro chamou-lhes “fotografias vivas” e usou muitas mais expressões convidativas na esperança de conseguir atrair entusiastas da fotografia, profissionais e criativos digitais. Agora o diretor executivo da empresa, Jason Rosenthal, admite que escolher o caminho do mercado de consumo foi um erro.

“A verdade fria é que estávamos a competir numa indústria estabelecida na qual os requisitos dos equipamentos já estavam firmemente cimentados na cabeça dos consumidores e por empresas muito maiores e estabelecidas”, escreve o CEO numa publicação na plataforma Medium.

Ou seja, querer concorrer contra a Canon, a Nikon, a Panasonic e a Sony, empresas com muitos mais anos de experiência, não foi neste caso a decisão acertada.

“Esta questão foi agravada pelo facto de o mercado das câmaras de consumo estar em quebras anuais de 35% por causa do crescimento da fotografia dos smartphones e da mudança nos gostos dos consumidores”, acrescentou Jason Rosenthal.

O dinheiro que a Lytro tinha reunido em investimentos estava a esgotar-se no desenvolvimento de dois outros modelos de câmaras fotográficas que muito provavelmente nunca verão a luz do do dia.

O CEO Jason Rosenthal comunicou no ano passado ao conselho de administração que uma mudança era necessária e explicou que tinha encontrado mercado para a tecnologia da Lytro no segmento da realidade virtual. O anúncio do Lytro Immerge, que pode ver na imagem, foi feito em novembro de 2015.

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Na página da tecnológica o grande destaque já é dado ao Immerge, um equipamento que serve para captar imagens em 360º e que incluirá a tecnologia de assinatura Light Field.

Neste novo modelo o sistema de captação de imagem não só saberá a direção dos raios de luz, como saberá exatamente em que zonas estão a ser refletidos. Isto permitirá criar uma experiência imersiva semelhante à realidade – não estarão a ser coladas várias imagens entre si, estará de facto a ser recreado todo o ambiente no qual foi feita a gravação.

E em vez de ter liberdade de movimento em apenas dois eixos, como acontece com muitos conteúdos de realidade virtual que existem atualmente, o utilizador poderá mover a cabeça em seis eixos que as imagens vão conseguir responder a esses movimentos.

Além da câmara o sistema da Lytro será composto por um servidor móvel que fará toda a compilação do grande volume de dados gerado pelo Immerge.