O Windows 10 Mobile não está extinto, mas também não está longe disso

As espécies em vias de extinção são todas aquelas em que o número de constituintes dessa espécie é muito reduzido e que correm o perigo de desaparecer caso nada seja feito para sua proteção. Olhando para esta definição é fácil de perceber o porquê do Windows 10 Mobile ser uma espécie em vias de extinção.

A Microsoft revelou esta semana os equipamentos que vão receber a próxima versão do sistema operativo móvel. O anúncio acabou por provocar surpresa devido ao baixo número de smartphones suportados: no total são 13, apenas 13, os dispositivos móveis que vão receber o Windows 10 Mobile.




Já aqui falámos sobre como o Windows para smartphones está a passar um mau bocado, mas desde então a situação piorou um pouco mais. Saber que apenas 13 modelos de smartphones vão ter a mais recente versão do Windows é um sinal de pouca força, pouca diversidade e também de uma baixa taxa de utilizadores para o futuro.

Se a Microsoft apostasse numa estratégia semelhante à da Apple – em que apenas tem de alimentar os seus próprios modelos de smartphones -, então ter poucos equipamentos com o novo Windows 10 Mobile não seria algo preocupante.

Sabendo que a Microsoft foi atrás de uma estratégia semelhante à do Android, então 13 equipamentos é de facto um número muito, muito baixo.

Acrescente-se a isto o facto de há mais de um ano não haver qualquer anúncio de um smartphone proprietário da Microsoft – está tudo à espera do hipotético Surface Phone.

Dos 13 dispositivos suportados, uma boa parte nem sequer está disponível ainda nos mercados europeus e português. Um destes casos é o Alcatel Idol 4 Pro, que deverá chegar a Portugal só no mês de junho. Outros exemplos, como os SoftBank 503LV e VAIO Phone Biz, muito provavelmente nem cá vão chegar.

Com a magra lista de equipamentos que vai manter, a Microsoft acaba também por deixar de lado alguns dos seus próprios dispositivos mais populares como os Lumia 735, 830, 930 e 1520. A comunidade de utilizadores Windows no segmento dos smartphones já é pequena – se as atualizações não chegarem a quem faz parte desta comunidade, mais pequena vai ficar.

A grande questão que se coloca neste momento já não é tanto se o Windows 10 Mobile vai perdurar no tempo, a questão é se compensa de alguma forma à Microsoft manter este projeto.

Que retorno não financeiro está a tirar atualmente a Microsoft da plataforma mobile do Windows? Que diferenciação está a Microsoft a trazer para o mercado? Quanto dinheiro está a ganhar/perder com o desenvolvimento de novas versões do Windows 10 Mobile?

O Windows 10 Mobile ficou também um pouco mais debilitado depois do lançamento do Samsung Galaxy S8. A tecnológica sul-coreana integrou uma tecnologia no smartphone que permite recriar uma experiência de utilização desktop quando o dispositivo está integrado numa doca. O Samsung DeX tem muitas semelhanças com o Windows Continuum e agora que uma empresa começou a explorar o conceito no Android, não será preciso muito tempo até que mais empresas o façam.

Com o Dex a Samsung igualou mais um – talvez o único – ponto de diferenciação que ainda restava ao Windows 10 Mobile.

O fim do Windows para smartphones pode não estar para breve, mas se os elementos negativos continuarem a acumular, também poderá não estar muito longe de acontecer. No mês passado a Microsoft abriu duas novas vagas para gestores de projeto na área Windows Mobile, o que ajuda a perceber que ainda há intenções relativamente ao projeto.

O que falta é a Microsoft dizer publicamente que intenções, de curto e longo prazo, são essas. Explicar qual será o futuro do Windows 10 Mobile é uma opção que a tecnológica norte-americana deve considerar de forma séria, mais não seja pela obrigação de compromisso que tem para com os seus utilizadores.

Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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