Para os leitores mais novos, jogos como Maniac Mansion, Monkey Island e Broken Sword são capaz de não dizer nada, mas marcaram toda uma geração com um novo gênero de jogos, Aventuras “point-and-click”. Este género surge depois de jogos de aventura por texto, que são os primórdios de jogos de aventura. Estes títulos baseavam-se em livros e tinham muita inspiração em jogos de tabuleiro como Dungeons & Dragons.
Até há alguns anos este género estava um pouco abandonado, os novos jogos de aventura com ações em tempo real em ambiente 3D estabeleceram um novo standard no que toca a aventura. O estúdio Revolution Software, responsável pela saga Broken Sword, ressuscitou a saga e o género em 2013 com o lançamento do Broken Sword 5. Foi uma lufada de ar fresco, pois conseguiram modernizar o género e traze-lo para os dias de hoje.
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Ao longo dos anos foram surgindo novos títulos dentro do género mas em 2017 surge um título de êxito, Timbleweed Park, este jogo é nos trazido por developers de jogos como Maniac Mansion e Monkey Island da LucasArts, e tenta reproduzir a época dourada dos jogos de aventura gráfica trazendo um jogo no estilo de 8 bit.
Chegamos então a 2019 e uma empresa de artistas, a btf GmbH, com a publicação da editora Headup Games, criam uma obra de arte em forma de videojogo. Estamos a falar de Trüberbrook, uma nova aventura gráfica point-and-click.
Artistas a fazer jogos?
A btf GmbH é uma empresa composta por artistas que fazem trabalho de vídeo, animação 3D, entre outras coisas. Trüberbrook tem uma abordagem única na sua criação, pois estes artistas constroem dioramas reais e com uma técnica de fotografia conseguem modular os mesmos em cenários 3D e trazê-los à vida dentro do jogo.
Convidámos que vejam o vídeo abaixo pois mostra um pouco do Making of deste jogo único.
Esta abordagem artística é fácil de perceber no título quando o jogador se vê imerso em cenários pitorescos que quase parecem reais. Grande parte destes jogos apresenta-se num ambiente 2D mas com esta técnica conseguiram fazer um jogo num 2D isométrico, onde os cenários envolvem o protagonista de uma forma hiper-realista.
Umas férias na vila de Trüberbrook
Trüberbrook é o nome do jogo e dá também nome à vila principal onde este se passa. O título transporta-nos para uma pequena vila nas montanhas da Alemanha nos anos 60, o nosso personagem principal Dr.Tannhauser é um físico de uma universidade nos EUA que vai visitar esta vila para umas férias relaxantes no interior da Alemanha ocidental. Mas em vez de conseguir descansar o nosso protagonista acaba por se envolver numa misteriosa aventura sci-fi para salvar o mundo.
Point and click, Point and click, Point and click, Point and click
Para quem gosta deste género sabe que é um jogo de paciência e resiliência para se conseguir resolver os vários puzzles e obstáculos que são apresentados ao jogador, sendo que a experiência neste tipo de jogos e a perspicácia dos jogadores são os fatores mais decisivos para uma rápida conclusão destes enigmas.
Em muitos destes jogos alguma da complexidade surge em conseguir perceber onde e como temos que usar os objetos que vamos apanhando durante a aventura. Nestes títulos costuma haver uma mecânica que permite ao jogador tentar usar todos os itens do inventário em todos os objetos não móveis que estão ao seu lado e isto cria uma camada de complexidade para a resolução dos enigmas. Este título distingue-se ao incluir quatro opções básicas de ação disponíveis para o jogador, estas ficam disponíveis, ou não, para cada objeto ou pessoa que tentamos interagir. Esta mudança ajuda bastante o jogador a perceber que ações consegue fazer com pessoas ou objetos.
Neste tipo de jogos a combinação de itens do inventário para aplicar numa pessoa e/ou objeto costuma ser um quebra-cabeças só por si. Quantas vezes já tentei fazer combinações “parvas” em desespero para resolver o enigma… “usar chocolate com clip na tomada elétrica”… Em Trüberbrook este quebra-cabeças desaparece pois as combinações são feitas automaticamente sem que o jogador tenha de pensar qual a combinação que deve fazer. Isto é uma mudança de “qualidade de vida”, mas para os puristas deste tipo de jogos será um ponto negativo.
Prestando atenção suficiente o jogo acaba por ser simples e bastante linear mas, para criar alguma complexidade, fazem o jogador ter que andar para trás e para a frente em várias áreas para resolver os enigmas por uma certa ordem.
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Como é normal neste género, o jogador precisa de estar atento a todas as pistas que consegue encontrar, desde texto escrito em notas e documentos até ao diálogo das pessoas que se vão cruzando connosco ao longo da nossa aventura. Os capítulos estão separados por áreas distintas que são compostas de três a quatro “salas”. Como já tinha referido anteriormente, os enigmas apresentados levam o jogador a andar para trás e para frente nessas “salas” a tentar resolver os puzzles pela ordem correta.
Como se os cenários pitorescos e hiper-realistas não fossem suficiente para a imersividade do jogador, todos os personagens têm voz dada por atores. É notável que na língua inglesa (onde maior parte dos jogadores irá jogar), foram ao pormenor de dar o sotaque correto às personagens, estamos na Alemanha afinal de contas.
Ao longo do jogo vão aparecendo várias notas, textos e documentos que contém pequenos textos em inglês que é fácil de perceber para uma audiência internacional mas existem muitos textos escritos em alemão. Ora, esses textos não devem ser importantes para a resolução dos enigmas no entanto não deixa de ser um pouquinho inconveniente para o jogador, pois caso não fale alemão não vai perceber do que trata aquele documento.
Considerações finais
Sendo um jogo criado com o motor gráfico Unity, existem algumas garantias que são dadas a nível de performance em PC como por exemplo a resolução até 4k em ambiente Fullscreen e resolução até 2k em window mode. A nível de opções gerais é bastante limitado mas permite escolher a língua da voz entre alemão e inglês e nas legendas tem 12 línguas disponíveis.
Deve-se também referenciar que este jogo está disponível no GOG, onde se pode comprar o jogo numa plataforma de DRM-free.
Para os colecionadores existe um suporte para as achievements nas plataformas Steam, PlayStation 4 e Xbox One.
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Este jogo encontra-se disponível para Windows PC nas plataformas Steam e GOG. Encontra-se também disponível para Linux e macOS. A nível de consolas está disponível para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Para mobile estará disponível brevemente para Android e iOS.
No processo de análise deste título deparamo-nos com uma anomalia na versão de PC. Pelas pesquisas que fizemos é um problema bastante comum e já reportado nas páginas de comunidade do Steam. Esta anomalia faz com que o cursor do rato comece a desaparecer constantemente. Ao que conseguimos apurar, estará relacionado com comandos que estejam ligados ao computador ou se o Steam tiver configurado para usar comandos. Como este jogo está preparado para ser usado com comandos usamos um comando Xbox no PC onde automaticamente o problema deixou de acontecer, pois passamos a uma interface de comando. No entanto após desligar o comando o problema o cursor do rato desaparecer constantemente deixou de acontecer, resolvendo esta anomalia.
N.R.: A análise a Trüberbrook foi realizada com uma chave, para a fase final do jogo, gentilmente cedida pela HeadUp Games
